Galeria Massangana abriga exposição que traz a bandeira como símbolo de lutas

"As Bandeiras da Revolução - Pernambuco 1817/2017" será inaugurada neste sábado (7), na Fundaj de Casa Forte, com trabalhos de 12 artistas

Moacir dos Anjos fez a curadoria da mostra que ocupa a Galeria Massangana, em co-autoria com o escritor José Luiz Passos - Arthur de Souza/Folha de Pernambuco

Mesmo tendo sido reconhecida como a primeira República no Brasil, há 200 anos que a Revolução Pernambucana de 1817 é relegada a notas de rodapé quando se conta a história do País.

Buscando compensar tamanha injustiça e reparar a maneira conservadora como o evento tem sido celebrado, nasce uma exposição que resgata o conceito revolucionário de dois séculos e levanta não uma, mas diversas bandeiras sociais, culturais e artísticas das transformações, embates e, por que não, revoluções que precisam ser realizadas agora.

Daí o título da mostra "As Bandeiras da Revolução - Pernambuco 1817/2017", idealizada pelo curador da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj), Moacir dos Anjos e com co-autoria do escritor José Luiz Passos. A abertura para o público ocorre neste sábado (7), das 16h às 19h, na Galeria Massangana, em Casa Forte.

"A ideia é enxergar a bandeira como suporte para refletir questões atuais de luta. Para isso, convidamos 12 artistas jovens de vários lugares do Brasil que remetessem a esse símbolo, não necessariamente disposto em um mastro, mas também em outros formatos", declara Moacir.

Leia também:
Tomie Ohtake revisitada em exposição no Recife
Exposição no Recife faz visitante entrar no universo dos Beatles
Imóveis da Fundaj devem ser tombados


Um deles é conhecido pelo público que frequenta os estádios de futebol: aquela bandeira gigante que costuma ocupar toda a arquibancada, pois é aberta sobre a cabeça dos torcedores. Em vídeo, será possível ver o grupo paulista "Frente 3 de Fevereiro" em ação. Abordando questões raciais, eles imprimem frases em letras garrafais como "Onde estão os negros?" ou "Zumbi somos nós".

Já a bandeira "Gabirú do Norte Massa Projeto de Arte Financeira (after Beto Normal)", do artista pernambucano radicado em São Paulo, Lourival Cuquinha, traz quase uma reprodução da bandeira pernambucana, não fosse a folha da maconha no lugar da cruz. Feita de dinheiro - como outras bandeiras já produzidas pelo artista - essa conta com R$ 2.117 costurados com linha de algodão, moedas de cinco centavos e aço. A soma em dinheiro resulta exatamente na data em que a revolução fará 300 anos.

Também hasteiam suas flâmulas cheias de críticas sociais e políticas os artistas Traplev, Paul Setúbal, Jaime Lauriano, Lívia Aquino, André Parente, José Rufino, Graziela Kunsch, Marilá Dardot, Ana Lira e Fábio Tremonte.

Parte da exposição na Fundaj - Crédito: Arthur de Souza/Folha de Pernambuco




A exposição conta ainda com outros dois módulos. Em um deles entram os preciosos oito documentos colecionados pelo escritor José Luiz Passos. Um deles é uma aquarela de 1817, com explanações sobre o movimento revolucionário e a simbologia da bandeira, escritas em inglês, feitas para serem levadas a outros cantos do mundo para conhecimento do movimento.

O documento foi encontrado por Passos em um sebo em Buenos Aires. Há ainda uma xérox encontrada na biblioteca de Washington, nos Estados Unidos, para onde viajou na época Cruz Cabugá com a missão de informar sobre a revolução aos norte-americanos.

O terceiro módulo são bandeiras que atualizam o simbolismo contestador que tinham no passado, como a do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto, Orgulho LGBT, Orgulho Trans e Movimento Negro Unificado. "Elas se aproximam na afinidade por valores republicanos que nunca foram realmente implementados no País, onde as mesmas forças de dois séculos atrás continuam oprimindo e segregando", diz Moacir.

Serviço:
Exposição "As Bandeiras da Revolução - Pernambuco 1817/2017"
Neste sábado (7), das 16h às 19h (visitação até 3 de dezembro)
Fundação Joaquim Nabuco/ Galeria Massangana (Avenida 17 de Agosto, 2187)
Informações: (81) 3073-6772