Estupro em blitz da PM: inquérito confirma que mulher esteve no posto policial com militar acusado
Segundo depoimento dos policiais que estavam de plantão, a mulher foi vista entrando e saindo do posto policial ao lado do PM acusado; versão confirma relato inicial da vítima
Dois dos três policiais envolvidos no caso da mulher que denunciou ter sido vítima de um estupro em um posto do Batalhão da Polícia Rodoviária (BPRv), na última sexta (10), no Cabo de Santo Agostinho, no Grande Recife, confirmaram que viram o momento em que a denunciante teria saido do local seguida pelo terceiro policial de plantão no local, acusado de cometer a violência.
De acordo com a denunciante, que tem 48 anos, ela estava dirigindo com uma amiga e suas duas filhas adolescentes no carro, em direção a praia de à Praia de Gaibu, quando passou em frente à unidade policial na PE-60 e foi parada.
Nesse momento, um dos PMs teria pedido para que ela saísse do carro e entrasse no posto policial.
Segundo a defesa da denunciante, o PM em questão teria avisado aos colegas que ela iria entrar no posto para beber água. A mulher, no entanto, não havia pedido para beber água.
Ao acompanhar o policial, imaginando que deveria preencher documentações referentes ao carro que apresentava pendências de IPVA, ela teria sido empurrada para dentro de um quarto, onde teria sofrido tentativas de penetração e, em seguida, foi obrigada a realizar sexo oral no policial.
A Folha de Pernambuco teve acesso ao inquérito policial militar instaurado para apurar o caso, com os relatos dos outros dois policiais que estavam no posto ao lado do acusado, sendo eles um soldado e um sargento.
Nenhum dos dois foi reconhecido pela mulher como o criminoso durante o procedimento de terça-feira, onde o principal suspeito, que também é sargento, não compareceu pois apresentou um atestado médico de dor na coluna.
Nos depoimentos, os dois policiais confirmaram que viram a mulher sair de dentro do posto policial, seguida pelo terceiro PM de plantão.
Os dois ainda afirmam que não viram o momento em que a mulher entrou no posto, mas relatam que viram ela saindo do local e que, logo em seguida, também saiu o sargento suspeito.
Um dos PMs ouvidos não soube definir quanto tempo a mulher e o policial passaram no posto, e o outro disse que foi possível abordar três veículos que passavam na pista enquanto os dois estavam dentro do posto.
De acordo com a defesa, o suposto criminoso teria entregado uma toalha para que ela se limpasse após o ato de violência e ordenou que ela tomasse dois copos d’água, para limpar o sêmen da boca.
Os dois PMs também confirmaram que a mulher segurava um copo d'água no momento em que saiu do posto policial e disseram que o sargento não falou nada a respeito da abordagem, e apenas fez comentários sobre o cumprimento do quarto de hora.
Ambos também afirmaram que não é comum a entrada de civis no posto policial.
Um deles disse que há uma determinação do comandante da unidade proibindo a entrada de pessoas não autorizadas, e que não-policiais só entram no local para usar o banheiro, mas que isso não é comum.
A Folha de Pernambuco entrou em contato com a Secretaria de Defesa Social (SDS), mas não obteve resposta até a finalização desta reportagem.