CINEMA

Recife é cenário e protagonista de "A Primavera", longa-metragem que entra em cartaz próxima semana

Longa-metragem de Sérgio Bivar e Daniel Aragão tem estreia local no próximo dia 23 de outubro

O estreante Luiz Aquino interpreta o poeta Jeová - Divulgação

Tendo o centro do Recife como cenário, mas, também como uma espécie de “protagonista subliminar”, “A Primavera”, longa-metragem dirigido pelos pernambucanos Daniel Aragão e Sérgio Bivar, está com estreia marcada na Cidade: no próximo dia 23, a produção independente entra em cartaz, no Moviemax Rosa e Silva, Zona Norte da Capital pernambucana.

Será a estreia do filme em circuito comercial, após exibições, em Tiradentes (MG) e em São Paulo (SP), dentro da 28ª Mostra de Cinema de Tiradentes, em janeiro deste ano. É também a estreia de Sérgio Bivar como diretor, função dividida com Daniel Aragão, que também assumiu a Direção de Fotografia e a Montagem do longa. O roteiro também é assinado por Bivar.

“A Primavera” é ambientada em uma cidade do Recife que se divide em suas contradições ­– entre a decadência e a beleza poética que rima com resistência e esperança – e que é cenário para a história do poeta marginal Jeová (Luiz Aquino), que, em constantes trânsito urbano e estado de ebulição artística, conhece a garota de programa Maria Suzanne (Eduarda Rocha).

Em uma narrativa que alia poesia e aparentes delírios (d)e inspiração de Jeová, a relação e a jornada do pretenso casal se dá entre medos, fantasmas e desejos, imersos em uma sociedade cujas relações são mediadas pelo capitalismo, pelo dinheiro. 

Enquanto a garota de programa vende o seu corpo, o poeta vende a sua alma, impressa no papel, em forma de poesia. O seu comprador? Uma figura misteriosa, que é desvelada em dado momento.

Recife, cenário e personagem
Com o roteiro de “A Primavera” guardado por quase 10 anos, Sérgio Bivar – que é, também, escritor, com dois livros lançados – conta que ele foi nascendo muito mais a partir de imagens do que propriamente em forma de texto.

A cidade do Recife – majoritariamente, o Bairro do Recife e suas ruas – é atravessada por toda a história do filme (exceto por uma única cena, que se passa em Olinda, mas, tendo o Recife como vista): o (agora, finado) Bar Central, Mercado da Boa Vista, Parque de Esculturas, Praça do Sebo, Jardim do baobá, entre outros cenários (sejam eles cartões postais ou não) estão, a todo tempo, envolvendo a história e o espectador.

As filmagens deixaram em aberto a possibilidade de falas, cenas e acontecimentos fortuitos conduzirem a trama, como, por exemplo, a inauguração da estátua do poeta Miró da Muribeca, no Circuito da Poesia, que foi captada e acabou entrando na história de “A Primavera”.

“À medida que a gente ia filmando e deixando a coisa acontecer, parecia que as coisas estavam vindo no sentido do filme. Isso foi super especial, e como é uma produção 100% independente, a gente pode ter essa liberdade. Eu acho que a cidade acaba sendo um personagem também”, resume Sérgio Bivar.