Água mineral: associação defende segurança das garrafas pet
Entidade se posicionou ontem sobre um estudo canadense divulgado no início deste mês que aponta risco à saúde de quem consome através de garrafas plásticas e garantiu segurança das embalagens
A Associação Brasileira da Indústria do pet (Abipet) manifestou-se nesta sexta (17), através de comunicado oficial, sobre a reportagem "Água engarrafada pode conter microplásticos ligados ao câncer, alerta pesquisa", veiculada no portal da Folha de Pernambuco no dia 8 de outubro e produzida pela Agência O Globo.
A reportagem trouxe um estudo canadense que aponta que quem consome através de garrafas plásticas ingere até 90 mil partículas a mais por ano e pode sofrer danos a órgãos vitais. O estudo foi liderado por Sara Sajedi, especialista em gestão ambiental da Universidade Concordia, no Canadá.
A Abipet informou que estudos em todo mundo já esclareceram que os microcontaminantes têm outras origens que não a garrafa que envasa a água. Conforme a instituição, "é equivocado afirmar que a presença de nano ou microplásticos presentes na água engarrafada está relacionada à embalagem". Confira os esclarecimentos da entidade:
"É importante destacar que os estudos de maior credibilidade em todo mundo já esclareceram que os microcontaminantes têm outras origens que não a garrafa que envasa a água. Como exemplo, um estudo desenvolvido nos respeitados laboratórios da Agência Francesa de Segurança Sanitária e Alimentação (ANSES), instituição de maior credibilidade, e divulgado pela Agência France Press (AFP), uma das mais importantes agências de notícias da Europa, mostra que a água envasada em garrafas de vidro possuía mais contaminantes plásticos do que as próprias garrafas plásticas. Cabe notar, ainda, que os especialistas da própria ANSES disseram que seus resultados não eram assertivos. Ao contrário, traziam um alerta para importantes imprecisões comoa identificação da origem dos microplásticos e comprovações sobre seus riscos à saúde humana.
Essa elogiosa atitude dos cientistas da ANSES, no entanto, não é a regra, uma vez que nos deparamos com inúmeros “estudos” extremamente superficiais, sem fundamento técnico, mas que causam danos ao serem pulverizados, alcançando inúmeros sites, publicações e leitores que, infelizmente, acabam por ser enganados.
Abaixo elencamos informações e publicações respeitadas que já demonstram com maior veracidade a informação sobre microplásticos.
Afinal, qual é a origem dos microplásticos?
Pelos motivos já expostos, é equivocado afirmar que a presença de nano ou microplásticos presentes na água engarrafada está relacionada à embalagem. Infelizmente, os estudos e as reportagens que os reproduzem pouco abordam essa origem, mas induzem essa relação ao publicarem nestas notícias imagens de garrafas PET.
O gráfico abaixo, baseado em dados da International Union for Conservation of Nature, traz uma visão mais esclarecedora sobre as diversas origens dos microplásticos.
Fonte: https://portals.iucn.org/library/sites/library/files/documents/2017-002-En.pdf
As grandes fontes de micro plásticos, portanto, são as roupas com fibras sintéticas (35% do total) que, durante o processo de lavagem, acabam por arrastar essas micropartículas pela água e que podem migrar para esgoto, corpos de água, aquíferos e, por fim, os oceanos. Entre as fibras têxteis sintéticas, existe uma grande quantidade de poliéster, ou seja, PET, similar ao da garrafa, o que pode gerar a confusão em relação à sua origem.
Existem, ainda, diversas outras fontes de microplásticos que também não são embalagens, conforme mostra o gráfico acima. Mas a própria União Europeia também direciona suas providências para redução de microplásticos relacionando-os aos pneus e têxteis.
A análise das partículas presentes na água também deve considerar técnicas adequadas, aplicadas ao local de coleta da amostra. É o que destaca a imagem abaixo, retirada de um documento da Organização Mundial da Saúde (https://www.who.int/publications/i/item/9789241516198).
De acordo com a imagem acima, a análise microscópica da amostra identificou 20 partículas que, em sua totalidade, são classificados como microplásticos pela grande maioria dos estudos. Uma análise espectroscópica do mesmo conteúdo, no entanto, com a sensibilidade capaz de identificar polímeros entre outros materiais, esclarece que apenas 3 dessas partículas, entre as 20 inicialmente identificadas, são realmente microplásticos.
O ataque mercadológico ao PET, disfarçado de causa ambiental e de saúde
Esse ataque à água engarrafada, que visa alcançar de maneira direta o PET, ocorre porque o material vem ganhando mercado, ampliando sua reciclagem e demonstrando que é uma excelente opção para o envase de líquidos e alimentos. E quando se estreita o olhar para os detalhes técnicos de estudos contrários a essa realidade, os argumentos enganosos caem.
Por exemplo, no Brasil, um estudo de altíssima credibilidade sobre Avaliação do Ciclo de Vida de Embalagens, coordenado pela ABIPET, realizado pelo Ital/CETEA, órgão do Governo de São Paulo, e ACV Brasil, com a participação de toda a cadeia produtiva, distribuição e varejo (do berço ao túmulo), comparou diversas embalagens e seus respectivos impactos ambientais.
O resultado é impressionantemente favorável às embalagens do plástico PET. Muito além do índice de reciclagem, supervalorizado por alguns materiais, o estudo avalia 12 eixos de impacto, incluindo Mudanças Climáticas, a mais discutida em todo mundo, cujos resultados podem ser vistos no quadro abaixo.
O resultado é impressionantemente favorável às embalagens do plástico PET. Muito além do índice de reciclagem, supervalorizado por alguns materiais, o estudo avalia 12 eixos de impacto, incluindo Mudanças Climáticas, a mais discutida em todo mundo, cujos resultados podem ser vistos no quadro abaixo.
Cabe aqui outra constatação importante: os consumidores podem ir ao supermercado, lojas de conveniência ou outros estabelecimentos comerciais e comparar o preço do mililitro envasado em PET com embalagens de outros materiais como lata de alumínio e vidro. O produto envasado em PET é muito mais barato que os de outras embalagens. Em certos casos, essa diferença pode chegar a 200%.
Se o plástico PET, em termos de impacto ambiental, é superior a outros materiais de embalagem para água, refrigerante e óleo comestível, e seu preço, quando comparado com outros materiais de embalagem, é muito menor, parece óbvio que a concorrência precisa ser agressiva contra esse material. Sem argumentos tecnicamente sólidos, a concorrência investe em campanhas superficiais, sem informações consistentes, baseadas em “estudos” absolutamente frágeis.
Por todos esses motivos é que dizemos que o PET, ao longo dos anos, democratizou o consumo e a produção. Além disso, tem aspectos ambientais, em diversos eixos de análise, superiores aos concorrentes nos segmentos onde atua.
Essa análise, tanto do ponto de vista ambiental como econômico, pode servir também para outros plásticos em outras aplicações. Mas, para falarmos sobre isso, os parâmetros e as condições de contorno precisam ser devidamente estudados.
Por todos esses argumentos expostos, consideramos importante levar essas informações ao conhecimento dos leitores da Folha de Pernambuco, nos colocando à disposição para outros esclarecimentos também em futuras oportunidades."
Atenciosamente,
Auri Marçon
Presidente Executivo