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Mudança de Eletrobras para Axia Energia é preparação para buscar o consumidor final, diz CEO

Segundo Ivan Monteiro, ajustes na regulação do setor elétrico vão "empoderar" clientes, que poderão escolher prestadores do serviço de fornecimento de eletricidade

Eletrobras agora se chama Axia Energia - Divulgação

A mudança do nome e da marca da Eletrobras, agora Axia Energia, anunciada ao mercado na quarta-feira, tem a ver com as mudanças no setor elétrico nacional, após novas regras darem, ao longo dos próximos anos, mais poder de decisão aos consumidores finais, afirmou nesta quinta-feira o CEO, ou presidente, da empresa, Ivan Monteiro.

O governo editou em maio uma medida provisória (MP) com uma reforma da regulação, incluindo a ampliação da tarifa social da conta de luz e abertura do mercado para que todos os consumidores possam escolher seus fornecedores e fontes de energia a partir de 2028 – em vez de simplesmente aderir aos serviços da única distribuidora local, como é hoje na maioria dos casos.

– A regulação está empoderando o consumidor. O consumidor vai poder escolher. E vai ser escolhido aquele (fornecedor) que for mais competitivo, que tiver um serviço correto — afirmou Monteiro, em entrevista coletiva na nova sede da agora Axia Energia, no Centro do Rio. — É com esse objetivo que mudamos a marca.

Mudança marca reestruturação inicial
A Eletrobras anunciou a mudança de nome para Axia Energia na quarta-feira, marcando os primeiros anos de privatização da empresa, ocorrida em 2022, após uma capitalização, decidida pelo então governo Jair Bolsonaro, tornar a companhia uma corporation, ou seja, sem um controlador definido.

Nesses primeiros anos, a antiga estatal simplificou sua estrutura societária, revisou o portfólio de projetos, enxugou custos e equipe, reduziu o número de subsidiárias, vendeu termelétricas e sua participação na Eletronuclear, a estatal que opera as usinas Angra 1 e 2 e a construção de Angra 3, além de ter alcançado um acordo sobre o poder de voto da União na companhia.

Logo na operação que levou à privatização, em 2022, Itaipu Binacional, a estatal que opera a segunda maior hidrelétrica do mundo, em sociedade com o Paraguai, e a Eletronuclear foram separadas da empresa, passando para o comando de uma nova estatal, a Empresa Nacional de Participações em Energia Nuclear e Binacional (ENBPar).

Já privatizada, vendeu suas termelétricas a gás para a Âmbar, o braço de energia do Grupo J&F, dos irmãos Batista. Feito em etapas, o negócio somou R$ 3,6 bilhões. Por fim, neste mês, a antiga estatal vendeu, também para a J&F, uma participação minoritária, sem controle, na Eletronuclear, que foi mantida mesmo após a capitalização de 2022.