Segurança

Submarino, caças e mísseis: como será usado reforço de R$ 30 bilhões da Defesa Nacional?

Projeto autoriza reforço bilionário fora do limite fiscal até 2031 para programas estratégicos das Forças Armadas

Caças Gripen, aeronaves de combate suecas compradas pelo Brasil, foram usados de exemplo dos prejuízos causados por atrasos orçamentários - Divulgação/Saab

O Senado Federal aprovou, nesta quinta-feira, o projeto de lei complementar (PLP 204/2025) que destina R$ 30 bilhões para investimentos estratégicos na Defesa Nacional, fora do arcabouço fiscal, ou seja, sem contar para o limite de gastos públicos.

O texto, de autoria do senador Carlos Portinho (PL-RJ), recebeu 57 votos favoráveis e 4 contrários, e segue agora para análise da Câmara dos Deputados.

A proposta prevê a liberação de R$ 5 bilhões por ano, durante seis anos, com recursos voltados exclusivamente à modernização das Forças Armadas — Exército, Marinha e Força Aérea Brasileira.

Entre os projetos beneficiados estão o Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras (Sisfron), o desenvolvimento do submarino nuclear brasileiro, a renovação da frota de aviões de combate Gripen e a modernização de navios e sistemas de mísseis táticos de cruzeiro.

O texto aprovado é um substitutivo apresentado pelo líder do governo no Congresso, senador Randolfe Rodrigues (PT-AP), que incorporou sugestões das Forças Armadas.

— O PLP 204 tem o objetivo de garantir que os projetos estratégicos para a Defesa Nacional tenham pelo menos R$ 30 bilhões para investimentos em defesa nos próximos anos — afirmou Randolfe.

Para o autor da proposta original, Carlos Portinho, a medida vai permitir mais previsibilidade e eficiência na execução dos programas militares, evitando interrupções por falta de recursos. Ele citou o caso dos caças Gripen, aeronaves de combate suecas compradas pelo Brasil, como exemplo dos prejuízos causados por atrasos orçamentários:

— Dos aviões Gripen, comprados lá no governo Dilma, que ainda não foram entregues, só de juros desses contratos, que estão sendo renegociados a cada ano por falta de pagamento, nós já perdemos duas aeronaves. Eles já se equivalem ao preço de duas aeronaves. Então, o que é menos pior? O que é necessário é garantir esse orçamento e que a gente honre os compromissos que foram assumidos pela indústria de defesa — disse Portinho.

Apesar de reconhecerem a importância das Forças Armadas, senadores da oposição criticaram a ampliação das exceções fiscais. O líder da oposição, Rogério Marinho (PL-RN), afirmou à agência Senado:

— A regra é: não se cumpre a meta fiscal estabelecida. (...) Neste caso não nos cabe discutir: nós temos é de realçar a importância das Forças Armadas, que precisam, de fato, estar bem equipadas, motivadas, bem remuneradas — declarou.

Parlamentares como Astronauta Marcos Pontes (PL-SP) e Hamilton Mourão (Republicanos-RS) defenderam a aprovação. Mourão ressaltou que a proposta fortalece a visão de Estado sobre a política de defesa:

— Foi excelente a concertação junto ao governo, que compreendeu que isso não é um projeto de governo, é um projeto do Estado brasileiro (...). Se tem Forças Armadas, tem de gastar com elas — afirmou.