Estados Unidos anunciam acordo para guerra comercial com a China
Segundo o secretário do Tesouro americano, o aumento de 100% nas tarifas sobre produtos chineses foi descartado
O secretário do Tesouro americano, Scott Bessent, anunciou neste domingo (26) um acordo preliminar com a China para frear uma guerra comercial provocada por tarifas aduaneiras, às vésperas de uma reunião de cúpula entre os presidentes Donald Trump e Xi Jinping.
Em entrevista ao programa This Week, da emissora ABC, Bessent afirmou que Washington havia descartado o aumento de 100% nas tarifas sobre produtos chineses, em troca de que Pequim adiasse as restrições às suas exportações globais de terras raras.
“As tarifas serão evitadas”, declarou Bessent após concluir as conversas com o vice-primeiro-ministro chinês, He Lifeng, em Kuala Lumpur, capital da Malásia. Sobre os controles de exportações, a China “vai adiá-los por um ano, enquanto os reavalia”, garantiu o secretário.
As declarações de Bessent foram divulgadas enquanto Trump iniciava em Kuala Lumpur uma viagem pela Ásia, que terminará com um encontro com Xi na Coreia do Sul. Bessent disse esperar que ambos os líderes anunciem formalmente o acordo após o encontro.
Ele acrescentou que Pequim investiu na realização de compras substanciais de produtos agrícolas americanos, um setor que é uma importante base de apoio político interno para Trump e que foi duramente atingido pela disputa tarifária entre os dois países.
A China, que chegou a ser a maior compradora de soja dos Estados Unidos, suspendeu todos os pedidos à medida que a disputa comercial se intensificasse.
“Acredito que, quando o acordo com a China for anunciado, nossos produtores de soja ficarão muito satisfeitos”, disse Bessent. Ele também declarou que duas partes chegaram a um acordo definitivo sobre a versão americana do aplicativo chinês de redes sociais TikTok, que tem cerca de 170 milhões de usuários nos Estados Unidos.
Washington tenta tirar o controle das operações americanas do TikTok de sua controladora chinesa, ByteDance, alegando riscos à segurança nacional. No mês passado, Trump emitiu um decreto que transferiria o controle do aplicativo para um grupo de investidores americanos, muitos deles aliados do presidente.
“Todos os detalhes foram finalizados e caberá aos dois líderes concretizar na quinta-feira o que foi acordado”, disse Bessent em outra entrevista, ao programa Face the Nation, da CBS.
Em Kuala Lumpur, representantes dos Estados Unidos e da China também discutiram o problema do fentanil, uma fonte recorrente de atrito com Washington, que acusa Pequim de ignorar o tráfico desse opioide potente, uma acusação que o governo chinês nega.
“Concordamos que a China obtenha a nos ajudar com os precursores químicos dessa epidemia terrível de fentanil que devasta o nosso país”, informou Bessent.