Canal Brasil lança série documental sobre Secos & Molhados nesta sexta (31)
A série "Primavera nos Dentes", em quatro episódios, traz depoimentos sobre um dos grupos mais revolucionários da música brasileira
Mais de 50 anos se passaram e, ainda assim, a carreira apoteótica dos Secos & Molhados segue gerando fascínio e curiosidade, atravessando gerações a fio. Mais um capítulo dessa história ganha as telas da tevê nesta sexta (31), com a estreia, no Canal Brasil, da série documental “Primavera nos Dentes - A História do Secos & Molhados”.
Com direção e roteiro de Miguel de Almeida e produção de Marcelo Braga, a série é dividida em quatro episódios e passa a limpo a trajetória do trio – Ney Matogrosso, Gerson Conrad e João Ricardo – que tomou de assalto a música brasileira no início dos anos 1970, tornando-se um fenômeno cultural e fonográfico que chegou a desbancar Roberto Carlos em vendas de disco.
“Primavera nos Dentes” traz depoimentos exclusivos, tanto de Ney e de Gerson quanto de colegas e amigos que fizeram parte da história do grupo, imagens de arquivo e também falas de artistas e admiradores – como Ana Cañas, Charles Gavin e Roberto Frejat.
A série também promove um reencontro histórico entre Ney e Gerson, o letrista/compositor Paulo Mendonça e os músicos Emílio Carrera (piano) e Willy Verdaguer (baixo), que integraram a banda do Secos & Molhados, para, juntos, gravarem a canção inédita “Ouvindo o Silêncio”.
Série
“Primavera nos Dentes” surgiu como um desdobramento do livro homônimo, de 2019, também de Miguel de Almeida. “Eu assisti aos Secos & Molhados quando era garoto. Depois, fui escritor, jornalista, acompanhei esse mundo da música e achava que eles não tinham tido um reconhecimento como mereciam”, diz Miguel.
“Achei que o livro seria um bom começo. Desde o início, eu já imaginava que eu escreveria o livro e faria uma série. Já era um projeto casado na minha decisão”, completa.
Toda a narrativa da série é baseada nos depoimentos dos convidados. Através de seus relatos, é costurado tanto o contexto histórico em que o grupo surge, quanto como os caminhos de Ney, Gerson e João foram se encaminhando até se cruzarem.
A criação de algumas canções antológicas, episódios acontecidos durante as turnês, a ideia das emblemáticas pinturas nos rostos do trio, entre inúmeras outras histórias – algumas reveladas durante as filmagens, após décadas – vão alinhavando a trajetória do grupo.
Ausência
João Ricardo, principal compositor e fundador do Secos & Molhados, é a ausência sentida na série. Atribui-se a ele a conturbada dissolução do grupo, quando, à época, delegou ao pai, o poeta português João Apolinário, a tarefa de empresariar a banda.
João não respondeu aos inúmeros pedidos de email para participar da série, assim como não liberou, para uso, as músicas da banda de sua autoria.
Nova canção
A recusa de João Ricardo acabou ensejando algo que enriqueceu o documentário: os músicos Emílio Carrera e Willy Verdaguer foram instados a criar temas musicais com a mesma “vibe” dos Secos & Molhados, para as transições nos episódios… e mais: surge “Ouvindo o Silêncio”, canção inédita de Gerson Conrad e Paulo Mendonça, que reuniu estes, Ney, Emílio e Willy em uma gravação histórica, 50 anos depois.
A canção, conta Gerson, surgiu de forma mágica.
“Paulinho me mandou a letra. Quando eu li pela segunda vez, percebi que tava cantando mentalmente a música. Olha só que loucura: eu havia composto, em 1973, uma música para ser usada se o grupo não tivesse se desfeito. Na hora que me veio a melodia na cabeça, eu descobri que eu não precisava mudar uma linha do que o Paulinho havia escrito. Era como se a música tivesse ficado 52 anos esperando aquela letra”, conta, emocionado.