Entrevista

"Não se pode menosprezar a liderança que Bolsonaro conseguiu", afirma Ronaldo Caiado

Pré-candidato a presidente da República pelo União Brasil afirmou, em entrevista ao podcast "Direto de Brasília", que a oposição precisa jogar junta em 2026 e esperar a decisão do ex-presidente

O governador de Goiás (D) fez duras críticas ao governo Lula (PT) - Reprodução/YouTube Folha de Pernambuco

O governador de Goiás, Ronaldo Caiado, fez duras críticas ao governo Lula (PT). Pré-candidato a presidente da República pelo União Brasil, ele afirmou, em entrevista ao podcast "Direto de Brasília", que a oposição precisa jogar junta em 2026 e esperar a decisão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). “Lula está jogando dinheiro para o alto no meio da rua”, disparou Caiado.

O senhor e demais pré-candidatos da direita têm se colocado, mas muito se fala que estão todos à espera do apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro. Vai ser desse jeito até a eleição?
Sou um homem com 40 anos na vida pública, que sempre teve independência moral e intelectual. Nunca fui tutelado por ninguém. Agora, também nunca vi uma pessoa que sai da política, sai da Presidência e consegue levar milhares de pessoas para a praça pública. Você não pode menosprezar a liderança que ele conseguiu fazer emergir no Brasil. Essa é uma realidade. Não concordar com ele faz parte da democracia, agora negar a liderança dele aí realmente é uma visão míope.

A oposição então seguirá esperando esse aceno?
Primeiro, é preciso dizer que ninguém tem autoridade para entender ou pressioná-lo. Ele tem o direito de decidir na hora que quiser. É prerrogativa dele. Se amanhã ele indicar alguém da família, ou se ele apoiar qualquer um de nós que estamos como pré-candidatos também, é lógico que será bem-vindo. Sem dúvida alguma. Ou você acha que nós — eu, o Tarcísio (de Freitas), o Ratinho (Júnior) e o Romeu Zema — vamos buscar eleitor na esquerda? É óbvio que não.

Mas na sua visão, a estratégia é de múltiplas candidaturas?
O que tenho dito é que todas as pesquisas mostram que, quando você tem um candidato só, que não tem conhecimento nacional — porque nenhum de nós tem —, o Lula ganha no primeiro turno. Quando você tem vários candidatos, nós vamos para o segundo turno. E todos sabemos que haverá uma junção. Serão apenas 21 dias do primeiro para o segundo turno; a máquina do governo federal vai estar triturando todos os pré-candidatos, como já começou. Mas nós vamos ganhar as eleições. Temos que ter a sabedoria de atravessar o primeiro turno. Vamos fazer a política como deve ser feita: no primeiro turno saem vários candidatos, e aquele que sobreviver e for para o segundo turno receberá apoio de todos os outros.

O senhor se lançou pré-candidato ainda em abril, a mais de um ano da eleição. Como têm sido os ataques?
Eu tive coragem de me apresentar, no dia 4 de abril de 2025, em Salvador, na Bahia. Agora eu quero saber quem é que aguenta o tiroteio do governo, diminuindo repasse de verba da saúde para o estado de Goiás. A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), do governo federal, recentemente anunciou que vai aumentar em 20% a conta de luz. Essa é a situação que temos, diante de uma irresponsabilidade como nunca se viu. O Lula está jogando dinheiro para o alto no meio da rua. Ele não respeita o equilíbrio fiscal, que se comprometeu a resgatar. Hoje o Lula está fazendo todo tipo de concessão de benefício e não explica qual é a fonte, jogando tudo nas costas de prefeitos e governadores, que vão acabar pagando a conta. E o governo vai explodir.

Esse cenário lhe anima então?
Eu acredito que nós vamos chegar, porque o Lula não ganha essa eleição se tivermos inteligência para trabalhar o primeiro turno. Vamos mostrar como é que se faz o resgate do país com credibilidade moral, para não deixar o Brasil na mão dos faccionados e muito menos na mão de populistas irresponsáveis.

Essa semana saiu uma pesquisa em que a população coloca a segurança pública como o principal problema do Brasil. Qual seria a solução?
É preciso um grande esforço nessa área. Quando você dá segurança, você evolui em todas as outras áreas. Quando você dá segurança no estado, você evolui na educação, no comércio, no serviço, nas empresas que vêm, na economia. Tudo é sinônimo de ter segurança. É preciso ter autoridade moral e resolver isso.

O governo não vem fazendo isso?
Por que o governo Lula não resolve o problema da segurança? Porque é complacente com o narcotráfico. Na PEC da Segurança Pública, ele quer tirar a prerrogativa dos governadores e concentrar o poder no Ministério da Justiça. Ao mesmo tempo, onde você viu ele ter coragem de enfrentar o crime, uma ação direta dele, formando uma área de inteligências, dando a nós estrutura, acesso ao Coaf, a satélites, cruzando a área de informação com as polícias estaduais? Não fez. Então, na verdade, eles sempre viveram bem e conviveram bem com as facções. Essa é a verdade.

O que o senhor fez em Goiás nessa área?
A minha polícia sabe que tem respaldo do governador. Tenho uma Corregedoria séria em Goiás, não aceito milícia, mas a polícia não vai trabalhar com câmera no uniforme. A polícia foi feita para proteger a população de Goiás, que estava totalmente destruída, sequestrada pela bandidagem. Hoje você pode andar de dia e de noite com celular na mão, com carro, com um relógio. Nunca mais teve assalto a banco, sequestro ou invasão de terra. Goiás está pacificado. Porque tem batalhões mais eficientes e a polícia trabalha — e eu deixo a polícia trabalhar. Bandido lá não tem poder: você tem uma segurança máxima para o cidadão.

Caso eleito, apoiaria a anistia para os envolvidos com o 8 de janeiro?
Eu já disse claramente que, se eleito, vou promover a anistia, para que acabe com esse assunto no país e a gente volte a trabalhar. O Lula fica atrás desse 8 de janeiro e tem três anos que não faz nada. O que ele fez, a não ser renovar o PAC e o Minha Casa, Minha Vida? Tudo café requentado, e o Brasil cada vez mais endividado, juros cada vez maiores. O que é que o Lula já fez? Neste momento ele tenta posar como se estivesse fazendo alguma coisa. É só marketing. Ele não está fazendo nada. Essa é a grande realidade que nós estamos vivendo no país.

Seu partido, o União Brasil, ocupa posições no governo Lula, e mesmo pressionando, os ministros seguem, a exemplo de Celso Sabino. Isso atrapalha sua pré-candidatura?
Se realmente o Sabino tivesse honestidade partidária, ele seria o primeiro a dizer que estava se retirando do partido. Ele insiste em ficar (no ministério e no partido), não só por apego ao poder, mas também para fazer um serviço ao governo Lula, que é criar uma cizânia na bancada e ficar prometendo situações. Esse jogo será feito pelo governo em todos os partidos que se colocarem como oposição, para tentar desgastar. Nós conhecemos isso de longa data, até porque este é o modelo do governo Lula. Ele não tem escrúpulos, não tem responsabilidade com a economia nem com o futuro do país. Ele é capaz de tudo, das maiores inconsequências possíveis para poder ganhar uma eleição, entre elas esse tipo de procedimento rasteiro e criminoso.

Então o ministro será expulso?
Já foi aberto o processo de expulsão dele. O partido já o bloqueou de todas as suas prerrogativas no Diretório Nacional. Já fizemos a dissolução do diretório no Pará, estado dele, onde o interventor também vai dissolver todos os diretórios municipais. Tudo isso está muito bem colocado. Nosso partido é de oposição. Mas você sabe como o governo age.