Varejo on-line contrata exército de temporários para Black Friday
Para preencher vagas, empresa dá bônus e prêmio de viagem com a família
Às vésperas da Black Friday e nos preparativos para o Natal, o varejo on-line planeja ofensiva com milhares de contratações de trabalhadores temporários. Na disputa pelo consumidor, a estratégia das plataformas é reforçar a operação logística para agilizar ao máximo as entregas.
Somente na Black Friday, no dia 28, o comércio on-line brasileiro deve movimentar R$ 13,34 bilhões, 14,7% a mais que no ano passado, segundo projeção da Associação Brasileira de Inteligência Artificial e E-commerce (Abiacom).
Nesse cenário, a expectativa é que cerca de 267 mil vagas temporárias sejam abertas neste último trimestre do ano em comércio e serviços, especialmente na área logística dos e-commerces, segundo a Associação Brasileira do Trabalho Temporário (Asserttem).
O Mercado Livre lidera com cerca de 20 mil postos abertos.
— O reforço nas equipes nos permite manter a excelência logística e a qualidade da experiência de compra num cenário de acirramento da concorrência — diz Patricia Monteiro de Araujo, diretora de Pessoas da plataforma.
A Amazon prevê contratar 13 mil temporários para Black Friday e Natal. O número é o dobro de 2024, e vai em linha com o crescimento da malha logística da empresa no Brasil, que abriu cem centros de distribuição (CDs) neste ano, chegando a 250.
A maior parte das vagas — 8,7 mil — está concentrada no Rio e em São Paulo. Os postos incluem funções como controle de estoque, conferência de encomendas, separação de mercadorias, emissão de notas fiscais e manutenção de equipamentos, sem exigência de experiência prévia.
Na Shopee, são dez mil postos temporários e permanentes para a atuação nos 14 centros de distribuição e 200 hubs logísticos na operação das três grandes datas de vendas: o 11/11, a Black Friday e o Natal.
— Nossa capacidade de processamento mais do que dobrou em comparação a novembro de 2024, impulsionada pela abertura de centros de distribuição. E ampliamos a cobertura da entrega rápida no mesmo dia e até o dia seguinte em mais de 75 cidades — diz Felipe Piringer, diretor de Marketing da Shopee.
Pleno emprego desafia
Plataformas brasileiras também estão abrindo vagas. A Americanas anunciou 700 postos temporários para reforçar os CDs. Na lista, cargos de operador logístico, fiscal, assistente e motorista para entregas do e-commerce. Há ainda 4,3 mil vagas para operador de loja física.
Já o Magazine Luiza deve contratar 3 mil temporários, principalmente para funções como movimentadores e conferentes. O volume é 18% maior que o do ano passado.
No entanto, em meio ao desemprego no menor patamar histórico, tem sido mais difícil encontrar profissionais, pondera Wiliam Miguel dos Santos, diretor de Gestão de Pessoas do Magalu. A solução tem sido aprimorar as vagas:
— O mercado está extremamente desafiador com o pleno emprego. Estamos trazendo bonificações adicionais e prêmios como viagens para a família.
Chance de efetivação
Para os profissionais, a vaga temporária traz ainda a chance de efetivação. No Magalu, em média 25% a 30% dos temporários seguem na companhia. O restante fica num banco de talentos. Quadro semelhante na Amazon, explica Fabiano Arroyo, líder de RH da companhia no Brasil:
— As vagas funcionam como porta de entrada para milhares de profissionais, que recebem capacitação em tecnologias avançadas, gerando oportunidades reais de contratação efetiva e crescimento profissional.
Para Roberto Kanter, professor de Gestão de Negócios da FGV e diretor da consultoria Canal Vertical, o aumento das vagas temporárias no comércio eletrônico reflete um movimento de amadurecimento do setor e de expansão da demanda digital:
— Com a abertura de novos centros de distribuição, a expectativa é de que essa tendência se intensifique nos próximos anos. Em períodos como a Black Friday e o Natal as plataformas digitais ganham cada vez mais relevância, acompanhando a digitalização do consumo. E mesmo com o uso de automação e inteligência artificial nos centros de distribuição, o fator humano continua sendo essencial para o funcionamento do fluxo logístico.