Terror flerta com humor irônico no novo filme 'A morte te dá parabéns'
Longa dirigido por Christopher Landon estreia nesta quinta-feira (12) em circuito nacional
Tem uma certa beleza a simplicidade de "A morte te dá parabéns", de Christopher Landon. O filme de terror, que estreia nesta quinta-feira (11) no circuito nacional, recorre à tradição do gênero com assassinos mascarados, como as populares franquias "Pânico", "Sexta-feira 13" e "Halloween", para fazer um panorama emocional sobre a vítima, a jovem Tree (Jessica Rothe).
A história começa com a personagem acordando de ressaca no quarto de Carter (Israel Broussard), universitário que ela conheceu na noite passada em uma festa. Ela dá um fora no rapaz, sai do quarto irada e distribui mau-humor para todos que encontra no caminho, ofendendo gente conhecida e estranhos enquanto percorre o campus até a casa onde mora com as amigas da fraternidade.
À noite, quando está a caminho de uma festa, Tree é assassinada a facadas por alguém mascarado. Ao invés de morrer, ela acorda novamente no quarto de Carter e vê todos os eventos que ela já viveu se desenvolverem da mesma forma. Ela está presa neste dia trágico, assim como o personagem de Bill Murray em "Feitiço do tempo" (1993).
Aos poucos o filme dá algumas pistas: este é o aniversário de Tree; ela tem sérios problemas com as colegas da fraternidade; há uma tragédia familiar que a afastou de seu pai há alguns anos. Então, a protagonista passa a perceber nessa estranha condição fantástica a chance de mudar seu comportamento e confrontar certos traumas de um passado conflituoso.
Tree tenta modificar seu destino, falando com as pessoas em volta, revelando seus sentimentos, enquanto procura a identidade do assassino. É quando o filme experimenta uma mistura interessante de drama e humor, sugerindo que esse destino trágico é uma chance para a personagem notar suas falhas e deficiências, perceber a vida e os sentimentos das pessoas ao redor. É através do gênero terror que o diretor parece investigar de maneira simples os percursos de amadurecimento, os pequenos dramas existenciais sobre identidade e remorso.
O filme segue como um mistério sobre a identidade e os motivos do assassino, forçando o espectador a assumir uma posição de detetive - olhando atentamente ao redor, recolhendo informações e juntando peças. A direção de arte e o trabalho do elenco são pontos positivos para fortalecer essa estrutura.
A certa altura, essa abordagem mais criativa e desafiadora de usar o gênero terror como ferramenta para investigar os dramas de um personagem em crise parece ceder espaço para uma resolução comum, um crime banal de ódio e vingança. Uma mistura um tanto irregular entre drama, comédia e terror, com algumas boas reviravoltas, dentro de um filme que não se leva muito a sério - ainda bem.