CPI do Crime Organizado vai ouvir ministros e governadores
Senadores avaliam medidas voltadas ao enfrentamento das organizações, mas ainda buscam consenso sobre o objetivo e o impacto das ações
A CPI do Crime Organizado, criada no Senado para investigar a atuação de facções criminosas e milícias no país, avança com debates sobre seu rumo político e legislativo. Senadores avaliam medidas voltadas ao enfrentamento das organizações, mas ainda buscam consenso sobre o objetivo e o impacto das ações. Recentemente, a comissão aprovou a convocação dos ministros Ricardo Lewandowski (Justiça e Segurança Pública) e José Mucio (Defesa).
Além dos ministros, foram aprovados os convites para comparecer à CPI governadores, secretários de Segurança, o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Passo Rodrigues, e o diretor-geral da Abin (Agência Brasileira de Inteligência), Luiz Fernando Corrêa. Uma das principais divergências na comissão envolve a proposta de enquadrar facções criminosas como terrorismo. Parte dos membros da CPI defende que ações de grupos como o PCC e o Comando Vermelho tenham tratamento jurídico mais rigoroso. Já outros senadores argumentam que a classificação pode gerar efeitos colaterais, inclusive diplomáticos.
Enquanto o debate conceitual avança, a CPI se organiza para aprofundar investigações operacionais. Entre os próximos passos, está a votação de convocações de lideranças de facções criminosas. Os senadores avaliam convocar Sérgio de Lima, conhecido como “Tuta”, apontado como chefe do PCC. A intenção é esclarecer como se dá a atuação da organização dentro e fora do sistema prisional. O nome de outros investigados também está em análise.
Além de convocações, a CPI deve intensificar buscas por informações que ajudem a mapear a estrutura do crime organizado. Os parlamentares pretendem analisar vínculos das facções com o tráfico internacional e com crimes financeiros. Há uma chance concreta de resultados expressivos, desde que a CPI mantenha foco técnico. O desafio será equilibrar disputas políticas com a necessidade de respostas à sociedade.
Com o prazo até abril de 2026, a comissão deve ter seu relatório entregue antes do prazo. O senador Alessandro Vieira (MDB-SE), relator da comissão, planeja concluir o documento o quanto antes para evitar que as propostas apresentadas por ele sejam contaminadas pela proximidade com a campanha eleitoral.