BRASÍLIA

Governistas consideram empenho de Alcolumbre crucial para Messias após placar apertado de Gonet

Possível indicado ao STF terá que trabalhar alinhado com presidente do Senado, avaliam parlamentares

O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP) - Antônio Cruz/ Agência Brasil

A votação que reconduziu Paulo Gonet à Procuradoria-Geral da República por apenas 45 votos jogou luz sobre a próxima batalha do governo no Senado: a possível indicação de Jorge Messias ao Supremo Tribunal Federal. Nos bastidores, líderes da base admitem que só evitaram uma derrota inédita graças a uma operação emergencial que arrancou dois votos da oposição e contou com a articulação direta de Davi Alcolumbre para manter o quórum alto em uma semana de esvaziamento.

Mesmo assim, o placar foi considerado “terrível para o governo”, nas palavras de um dos articuladores.

A conta do risco já está feita. Eram 72 senadores presentes. A base contabilizava 52 votos, mas só saíram 45. O diagnóstico interno é que, se a indicação fosse de Messias naquele mesmo ambiente, o Planalto não teria hoje margem para garantir aprovação.

A avaliação é que, embora Alcolumbre não esteja criando obstáculos à escolha de Lula, o clima da Casa exige mais do que o apoio institucional da presidência.

O clima que emergiu ontem reforçou um sentimento já perceptível entre senadores: o chamado “efeito rebote do Flávio Dino”, que ainda reverbera.

Esses mesmos parlamentares lembram que Dino passou ao STF com 47 votos e Gonet c om 45, o que demonstra o humor político.

Para parlamentares experientes, o episódio explicitou um enfraquecimento da articulação política que vinha sendo percebido, mas não testado em votações de alto risco.

Agora, com o termômetro exposto publicamente, a missão de aprovar Messias — nome que enfrenta resistências informais tanto na oposição quanto em nichos governistas — ganhou novos obstáculos.