SOS canavieiro
Só de sente saudade da chuva na seca, da mesma forma nos altos e baixos do mercado, ora faltando, ora sobrando, sempre foi assim, desta feita o Setor da Agroindústria Canavieira regional tenta a duras penas sobreviver a um desses perversos momentos, que mais uma vez nos visita, comprometendo o sentido econômico da multissecular atividade na região, com forte repercussão no contexto social nesta safra 2025/2026, que está em curso com risco de solução de continuidade para centenas de produtores de cana, várias usinas e milhares de trabalhadores no campo e nas indústrias.
Os históricos episódios dessa natureza com seculares registros, desde o século XVII até os dias atuais, ensejaram por parte dos governos da Colônia à República recursos a mecanismos de sobrevivência, para mitigar os graves efeitos econômicos e sociais, para a sociedade direta e indiretamente afetada pelos fenômenos naturais ou provocados pela tradicional Lei da oferta e demanda, indiferente as consequências que atingem mortalmente a atividade, principalmente no Nordeste, onde as condições gerais menos favoráveis comprometem a continuidade do processo produtivo agrícola/industrial.
Como exemplo e ilustração do nosso alerta na condição de guardião apaixonado pela causa canavieira, preocupado com a gravidade da situação que nosso paciente “cana” está enfrentando, observamos, que a bem sucedida iniciativa adotada pelo Governo Vargas ao criar o IAA - Instituto do Açúcar e do Álcool em 1933 como Agencia Reguladora setorial, mantida as expensas do próprio setor, a despeito de sua extinção em 1988, continua fazendo sentido, naturalmente ajustada aos novos tempos, ao nosso regramento jurídico e institucional, em parceria público/privada, imprescindível à sobrevivência do setor no Nordeste, face a sua inconteste importância como gerador de emprego e renda, compreendendo em sua abrangência cerca de duzentos municípios canavieiros com população da ordem de dez milhões de habitantes, ou cerca de dez por cento da população regional.
Mais uma vez não custa falar, repetindo jargão do pedido de socorro à cana-de-açúcar nordestina, “ruim com cana, muito pior sem ela”, para governo e governados, é fundamental conscientizar os gestores públicos no plano federal ou estadual, que o gesto de socorro atendendo o clamor das lideranças agroindustriais canavieiras não é favor, é investimento na região mais carente do Brasil.
Isto posto, as lideranças canavieiras do Nordeste vem empreendendo contato com o Governo no plano federal e estadual inclusive com o contexto parlamentar visando alertar as autoridades constituídas para o que possa advir, caso não sejam adotados providencias de caráter emergencial, tentando evitar os problemas e consequências, que já se configuram na Zona da Mata canavieira e a população afetada, justificando a instalação de audiência pública providencialmente agendada pela ALEPE para o próximo dia 1º de Dezembro para apresentação do problema e as alternativas para enfrentá-lo.