Caetano Veloso se despede de Jards Macalé em velório: "Foi meu primeiro amigo carioca"
Músico morreu na segunda-feira (17), aos 82 anos
Quando o velório de Jards Macalé chegava ao fim, pouco antes das 15h, uma pesada chuva caia no exterior do Palácio Capanema. Os amigos se aproximaram para a última homenagem antes de o caixão seguir para o cemitério São João Batista, em Botafogo, e, entre salvas de palmas, nomes como Elisa Lucinda e Emanuelle Araújo interpretaram sucessos do cantor e compositor, como "Movimento dos barcos" e "Vapor barato".
Muito emocionado, o cantor Caetano Veleso, um dos últimos a chegar à cerimônia, acompanhado da mulher, Paula Lavigne, postou-se ao lado do caixão até o momento de ser tampado. Macalé morreu na segunda-feira, dia 17, aos 82 anos.
— Macalé foi importante para mim muito cedo. Quase nem tocava violão, vim ao Rio por causa de um filme, e o conheci. Bem antes de Betânia vir para cá — lembra Caetano, com a voz embargada. - Após o período que passei em Guadalupe, na adolescência, o Macalé foi meu primeiro amigo carioca, na música. Eu adorava ele.
Macalé foi o diretor musical e arranjador de "Transa", um dos álbuns mais importantes da carreira do músico baiano. Ele foi gravado em 1971 no Chappell's Recording Studios, em Londres, quando o músico estava no exílio. Pouco depois da morte do artista, Caetano fez um post nas redes sociais celebrando a amizade.
Além de Caetano, estiveram presentes na despedida os cantores Paulinho da Viola, Zé Ricardo, Joyce Moreno, os artistas visuais Carlos Vergara e César Oiticica, o ator Luis Miranda, entre outros.
Amigo de Macalé desde os anos 1960, Paulinho da Viola lembrou que o músico foi um dos primeiros a ouvir um de seus maiores sucessos, "Foi um rio que passou em minha vida".
— Queria mandar a música para um festival e, um dia, encontrei o Macau e mostrei pra ele. A primeira vez que ela foi gravada foi com ele no violão e eu na caixinha de fósforos — recordou Paulinho. — Ele dizia que não atuava, mas era um excelente ator. Tinha uma enorme facilidade de fazer qualquer um rir, que é uma coisa muito difícil. Ele era tudo, ia muito além da música.