PL ANTIFACÇÃO

Veja os principais pontos do projeto antifacção aprovado pela Câmara

O texto final representa uma derrota para o governo Lula, que tentou adiar a votação e retomar a proposta original do Ministério da Justiça

Fachada da Câmara dos Deputados, em Brasília - Antônio Cruz/Agência Brasil

Com ampla maioria, a Câmara dos Deputados o projeto de lei antifacção, após seis versões apresentadas pelo relator Guilherme Derrite (PP-SP). A proposta, que cria Marco Legal do Combate ao Crime Organizado, endurece penas e altera a distribuição dos recursos de bens apreendidos.

O texto final representa uma derrota para o governo Lula, que tentou adiar a votação e retomar a proposta original do Ministério da Justiça, mas viu todas as suas tentativas serem rejeitadas pelo plenário. A escolha de Derrite, secretário de Segurança licenciado do governo Tarcísio de Freitas, provocou um desgaste entre o Planalto e o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB).

O novo marco legal amplia as penas para integrantes de facções, milícias e grupos paramilitares, que passam a variar entre 20 e 40 anos de prisão, podendo chegar a 66 anos no caso de lideranças com agravantes.

O projeto também cria a tipificação de "organização criminosa ultraviolenta", reunindo em uma só lei condutas hoje espalhadas em diferentes legislações. Todas as infrações previstas passam a ser classificadas como hediondas, restringindo a progressão de regime.

Outro ponto é a perda de bens: o juiz poderá decretar o prejuízo definitivo ainda na fase de inquérito, quando houver risco de dissipação e indícios de origem ilícita. O texto também cria uma ação civil autônoma, sem prescrição, para que o Estado possa perseguir patrimônio relacionado ao crime organizado indefinidamente. Para Derrite, as medidas modernizam o aparato de enfrentamento ao crime; para críticos, abrem margem para insegurança jurídica, com falta de previsibilidade e clareza nas leis e decisões de justiça.

O texto também estabelece que recursos de investigações estaduais vão para os fundos dos próprios estados, enquanto operações com participação da PF destinam valores ao Fundo Nacional de Segurança Pública, e não ao Funapol, Fundo para Aparelhamento e Operacionalização das Atividades-Fim da Polícia Federal. A cúpula da PF afirma que a mudança pode descapitalizar a corporação e dificultar financeiramente operações de alta complexidade.

Principais pontos aprovados do projeto

O texto segue agora para o Senado, onde será relatado por Alessandro Vieira (MDB-SE). A expectativa é que a Casa revise trechos considerados problemáticos tanto pelo governo quanto por especialistas. Vieira afirmou que vai fazer alterações e pretende apresentar seu relatório ainda este mês.