OPINIÃO

A vida real rouba a cena da ficção

A mídia internacional noticiando o fenômeno da inusitada queda nas bilheterias dos cinemas revela que a vida real tem roubado a cena da ficção cinematográfica, em todos os gêneros, comédia, drama, ação, aventura, ficção cientifica, terror, suspense, até mesmo romance. 

A vida real de carne e osso tem nos oferecido fortes emoções, do terror à vergonha alheia e constrangimento como nunca havíamos experimentado, até mesmo surpresas com a inteligência artificial sua coadjuvante que tem se revelado mais humana do que a condição que a natureza nos deu, reagindo a altura com seu aparato bélico de ultima geração representado por terríveis tornados, furacões, tsunamis, secas e enchentes, mais poderosas do que mísseis, bombas, drones mortais e outros artefatos na defesa da vida no planeta sufocado, incinerado pelos seres ditos racionais. 

A fantasia cinematográfica e seus caros bilhetes de acesso vem perdendo terreno na disputa com a vida real, do detalhe ao principal, no curto ou na longa metragem, na competição da ingênua gafe proferida pelos magníficos idiotas gestores, às barbaridades de pensamento, palavras e obras se achando o tal, bestas feras do segundo livro, coitados, expressão para qualificar os que sofreram ou sofrem diuturnamente o coito da ética, da razão, da lógica, desprovidos de vergonha, sem percepção ou sentido do amanhã, escondidos no bem bom das falcatruas, do terrível hoje, ou inspirados nos mais dantescos e inesquecíveis episódios do passado, que tentamos a duras penas expurgar da memória. 

Por incrível ironia do destino, o comprometedor fenômeno da queda de braço entre a ficção e a realidade é o fato de que a ficção cobra ingresso e a vida real é ilusoriamente grátis, embora tenhamos a convicção de que do jeito que as coisas vão, pagaremos, ou melhor, já estamos pagando muito caro, sem perceber o preço do desastre que vem sendo implementado com fúria e atômica velocidade, “o vento levou” a humanidade para uma verdadeira “odisseia no espaço”, provavelmente sem retorno, como a profecia que vem sendo anunciada pelos cientistas para o ano da graça, ou desgraça de 2026, caso não despertarmos a tempo na vida real, não num cochilo de um filme chato na sala do cinema a moda antiga, ou mesmo assistindo a televisão com as notícias da COP30, mas sim no silêncio sepulcral dos que já partiram dessa para outra sem direito a reprise. 

Na disputa entre o filme e a vida real, aqui dentro de casa, mais uma vez a realidade ofuscou a ficção, fazendo o assalto ao Louvre virar café pequeno, junto aos mega furtos domésticos, públicos e privados, ou o faz de conta da discussão sobre a insegurança nacional, que certamente serão transformados num futuro próximo em grandes produções cinematográficas com garantido sucesso de bilheteria, a verdade é que a fronteira entre a realidade e a ficção vem se tornando cada vez mais estreita, com o concurso da telinha do celular na palma da mão ou ampliada na TV, potencializadas com a ajuda da inteligência artificial.