SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL

Com indicação de Messias para vaga de Barroso, média de idade de ministros do STF é 58 anos

Caso seja aprovado no Senado, atual AGU será integrante da Corte mais jovem

Advogado-Geral da União, Jorge Messias - Bruno Peres/Agência Brasil

A indicação do advogado-geral da União, Jorge Messias, para o Supremo Tribunal Federal (STF) representa uma leve queda na média de idade entre os integrantes da Corte. Com Luís Roberto Barroso, que antecipou sua aposentaria, o número era de 60,9 anos. Agora, passou para 58,9 anos.

Jorge Messias tem 45 anos. Caso seja aprovado pelo Senado, ele passa a ser o ministro mais jovem e poderá ficar quase 30 anos no STF, até completar 75 anos.

Atualmente, o ministro mais velho é Luiz Fux, que tem 72 anos. Já o mais jovem entre os integrantes atuais é Cristiano Zanin, indicado por Lula em 2023, que tem 49 anos.

Como o jornal O Globo mostrou, a escolha de Messias reforçou a tendência de optar por pessoas abaixo dos 50 anos para integrar o STF, o que pode garantir quase três década na Corte.

Com Messias, cinco dos últimos seis escolhidos por presidentes diferentes — Michel Temer, Jair Bolsonaro e o próprio Lula — não tinham completado cinco décadas de vida quando assumiram cadeiras no tribunal. A exceção recente foi Flávio Dino, nomeado aos 55.

Nos 40 anos de Nova República, os "sub-50" chegaram dez vezes ao STF, um terço do total de 31 pessoas que tomaram posse no tribunal. Seis dos dez ministros que hoje estão lá compõem a lista. Tirando Dilma Rousseff, todos os presidentes escolheram pelo menos um ministro considerado mais jovem.

Os últimos a se enquadrar nessa faixa etária tinham sido Cristiano Zanin, indicado por Lula com 47, e três convocados aos 48: André Mendonça e Kassio Nunes Marques, escolhas de Bolsonaro, e Alexandre de Moraes, indicado por Temer.

Toffoli foi o mais jovem
A indicação de ministros jovens não é novidade, mas era mais rara no passado. Em seu segundo mandato, por exemplo, Lula indicou Dias Toffoli, o mais jovem ministro desde a redemocratização: ele tinha 41 anos quando tomou posse, podendo ficar na Corte até 2042.

Ao mesmo tempo, Lula também indicou ministros com mais de 60 anos, como Eros Graus (63) e Menezes Direito (64, que morreu dois anos depois). Da mesma forma, José Sarney indicou Celso de Mello, na época com 43, mas também Carlos Madeira, com 65 anos — o mais velho desde 1985.

Quem é Messias?
Servidor público de carreira, Messias foi procurador do Banco Central e procurador da Fazenda Nacional. Ao se envolver no movimento sindical das carreiras da AGU, atuou no Ministério da Educação, na gestão de Mercadante, onde foi secretário de Regulação. Foi nesse período que passou a se aproximar de dirigentes do PT.

No governo Dilma, foi subchefe de Assuntos Jurídicos e trabalhava com a ex-presidente em um dos momentos mais delicados do PT no Palácio do Planalto. Na época, teve seu nome nacionalmente exposto por uma interceptação telefônica divulgada na Lava Jato, em uma conversa entre Lula e Dilma, em março de 2016.

Na ocasião, Dilma avisou a Lula que enviaria, por meio de “Bessias”, um termo de posse para que ele assinasse e, assim, se tornasse ministro da Casa Civil. A interceptação foi captada depois que o então juiz Sergio Moro havia mandado as operadoras de telefonia interromperem as gravações, o que levou à sua divulgação ser considerada ilegal pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

Messias e Dilma nunca se afastaram. A ex-presidente esteve na cerimônia de posse de Messias como ministro da AGU, em 2023, e em um jantar reservado à família e amigos próximos. Em 2019, Messias trabalhou no gabinete do senador Jaques Wagner (PT-BA). Com a vitória de Lula em 2022, obteve papel de destaque já na transição, quando coordenou o grupo dedicado a temas relacionados à Transparência, Integridade e Controle.

Dentro do governo, construiu uma relação próxima com a ministra da Gestão, Esther Dweck, e com o ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira. Também tem entre seus principais aliados os ministros da Casa Civil, Rui Costa, da Fazenda, Fernando Haddad, e a ministra de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann.