Histórico de impunidade em violência contra a mulher
Casos de repercussão que envolvem jogadores mostram que boleiros quase sempre saem ilesos a punições. Relembre casos
Atletas de futebol tendem a povoar o imaginário de seus fãs sob a condição de ídolos. Muitas vezes são considerados uma referência. Uma espécie de super-heróis, capazes de despertar emoções e até operar milagres.
Ao mesmo tempo que os holofotes são direcionados a seus desempenhos dentro das quatro linhas, atitudes no extracampo também são proporcionalmente destacadas. E quando a vida particular de muitos desses jogadores ganha as manchetes, é possível se deparar com os defeitos, ainda tão comuns, presentes na sociedade.
Casos semelhantes ao do atacante Juninho, do Sport, detido na última semana sob a acusação de agredir a ex-companheira. A atitude do jogador, de 18 anos, não foi a primeira e, pelo visto, parece estar longe de ser a última. Vale lembrar que, após pagar fiança de R$ 10 mil, o atleta responderá o processo em liberdade e, na última quinta-feira, já voltou a atuar pelo Sport.
Este desdobramento não é uma exceção, infelizmente. Poucos foram aqueles que tiveram a sua carreira manchada após agredirem mulheres.
Carlos Alberto
O caso
O meia Carlos Alberto foi acusado pela então esposa, Carolina Bernardes, de tê-la agredido no fim de 2014. Em fevereiro de 2015, ele teria quebrado o carro da mulher, que só então deu parte na polícia após este episódio. A Justiça chegou a enviar um oficial para a residência do jogador com uma medida protetiva para que o atleta saísse de casa. O jogador morava com a mulher e os dois filhos do casal.
Consequências
O caso não interferiu na carreira do meia, atualmente com 37 anos. Após 2015, Carlos Alberto chegou a acumular duas temporadas defendendo a camisa do Figueirense/SC. Este ano, jogou a Série A do Campeonato Brasileiro pelo Atlético/PR. Atualmente, por condições técnicas, está sem clube.
Maradona
O caso
Circulou na internet, em 2014, um vídeo de Diego Maradona agredindo sua então namorada Rocío Oliva. Na gravação, El Diez se levanta do sofá e se irrita ao ver a companheira mexendo em seu telefone. “Continua olhando meu celular?”, repetia o craque, antes de desferir dois golpes em Rocío, de 24 anos. Apesar da cena, o ex-jogador insistiu em dizer que não agrediu companheira. “Sim, joguei o telefone, mas juro que nunca levantei a mão para uma mulher”, disse, à época.
Consequências
Diego Maradona segue sendo o maior ídolo do futebol Argentino, onde é cultuado como um Deus. Nos últimos anos, tem acumulado trabalhos como treinador. Inclusive, chegou a comandar a seleção de seu país, na Copa do Mundo de 2010. Hoje, é técnico do Al-Fujairah, dos Emirados Árabes.
Vampeta
O caso
Ainda na época em que atuava no Vitória, o ex-jogador Vampeta foi acusado pela mãe de suas filhas, Roberta Soares, de tê-la espancado. Segundo a ex-companheira, em 2004, a agressão aconteceu quando ela foi ao apartamento do atleta (os dois não moram juntos) pedir dinheiro para fazer uma festa de aniversário para a filha mais nova. Roberta Soares chegou à delegacia apresentando lesões na testa e na cabeça.
Consequências
Após o episódio, Vampeta ainda acumulou passagens por mais cinco times - entre os quais Corinthians e Goiás -, antes de se aposentar. Ele ainda concorreu ao mandato de deputado federal por São Paulo nas eleições de 2010 pelo PTB, porém não se elegeu. Atualmente é presidente e treinador do Grêmio Osasco.
Marcelinho Paraíba
O caso
O meia Marcelinho Paraíba correu o risco de pegar três anos e seis meses de prisão por ameaçar e agredir a ex-namorada Ana Paula Alves Dantas. Tudo aconteceu em 2011. A ex-companheira havia ido ao sítio do jogador, em Campina Grande, cobrar o valor em pensões alimentícias. Após o ocorrido, Marcelinho foi levado à delegacia, mas pagou fiança no valor de R$ 12 mil, para poder responder ao processo em liberdade. Em 2011, o jogador chegou a ser acusado de beijar uma mulher à força.
Consequências
Apesar dos 42 anos, Marcelinho Paraíba permanece em atividade. Em maio passado, o meia foi anunciado pela Portuguesa para a disputa da Série D do Campeonato Brasileiro. Não houve nenhuma condenação pelos casos ocorridos. Vale lembrar que o jogador atuou pelo Sport nos anos de 2010 e 2012.
Jobson
O caso
A carreira do atacante Jobson sempre foi marcada por muitas polêmicas. O jogador chegou a ser condenado por dois anos de suspensão pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva, em 2010, após ser flagrado em exame antidoping por uso de cocaína. Em 2013, foi acusado de agredir a mulher Thayne Bárbara. Na época, Jobson chegou ao hospital com um corte em um dos braços, afirmando ter se ferido casualmente, sozinho. No momento em que o jogador estava sendo atendido pelos médicos, Thayne chegou acompanhada de policiais, aos quais afirmou que o marido a teria agredido e se cortado ao socar a porta do cômodo onde ela se trancara.
Consequências
O último clube de Jobson foi o Botafogo, em 2014. Dois anos depois, no entanto, foi acusado de estupro de quatro adolescentes, sendo duas de 13 e duas de 14 anos. Segundo uma vítima, Jobson aliciava as menores para sua chácara, onde embriagava e entorpecia para abusar delas sexualmente. Jóbson ficou no Presídio de Marabá, a 400km de Conceição do Araguaia. No mesmo ano, foi solto após pagamento de fiança para responder em liberdade. Este ano, foi novamente preso, dessa vez em Colméia, a 206 km de Palmas, Tocantins. Ele foi reconduzido à prisão por descumprimento de medidas judiciais.
Bruno
O caso
Em 2010, a Polícia Civil de Minas Gerais declarou o goleiro Bruno suspeito pelo desaparecimento da modelo paranaense Eliza Samudio. Bruno admitiu, em 2013, a morte dela e culpou o amigo Macarrão pelo crime. O jogador foi condenado a 22 anos e três meses de prisão, dos quais 17 anos e 6 meses são em regime fechado, por homicídio triplamente qualificado (motivo torpe, meio cruel e uso de meio que dificultou a defesa da vítima), cárcere privado e sequestro de Eliza e do filho deles, Bruninho, além de ocultação de cadáver. Por sua confissão, sua pena foi reduzida em três anos, mas aumentada em seis meses por ter sido "mandante".
Consequências
Após ganhar liberdade, o Boa Esporte Clube anunciou a sua contratação, confirmada no dia 10 de março de 2017. O negócio foi contestado por parte de diversos torcedores do clube e outros, com manifestações que vieram dos mais diversos locais do País. Bruno se casou com a companheira Ingrid Calheiros na penitenciária de Santa Luzia (MG), em 17 de junho 2016. A cerimônia foi reservada e contou com aproximadamente 90 pessoas. Nesta semana, foi confirmado que ele será pai.