Lula diz que governo trabalha "com inteligência" para desarticular redes criminosas
Governo tenta mudar, entre os senadores, projeto de lei aprovado pela Câmara
Em visita oficial a Moçambique nesta segunda-feira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que o governo brasileiro tem atuado “com inteligência” para desarticular redes criminosas e estrangular suas fontes de financiamento.
A declaração ocorre no momento em que o Palácio do Planalto intensifica a articulação no Senado para alterar trechos considerados prejudiciais ao combate ao crime organizado no projeto antifacção aprovado pela Câmara na semana passada.
— O crime organizado é outro desafio que ameaça nossas sociedades. O governo brasileiro tem trabalhado com inteligência para desarticular redes criminosas e estrangular suas fontes de financiamento — disse Lula.
— A Polícia Federal é reconhecida internacionalmente pela capacidade de rastrear ativos ilícitos e combater a lavagem de dinheiro. Ela está à disposição para compartilhar sua experiência e ampliar sua colaboração com Moçambique.
O presidente participou em Maputo da assinatura de nove novos acordos bilaterais em áreas como saúde, educação, desenvolvimento, empreendedorismo, diplomacia, aviação civil, assistência jurídica e serviços agroflorestais. Ele afirmou que o Brasil está “de volta” ao continente africano após anos de afastamento, e que quer retomar projetos interrompidos — incluindo parcerias na produção de medicamentos, na segurança alimentar e na proteção de biomas.
PL Antifacção no Senado
As declarações de Lula acontecem enquanto o governo busca reverter, no Senado, pontos centrais do PL Antifacção aprovado por ampla maioria na Câmara (370 a 110), em uma derrota do Planalto. O Executivo quer modificar dispositivos que tratam do financiamento da Polícia Federal, do fortalecimento da Receita Federal e da definição do que constitui facção criminosa.
Na semana passada, Lula e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, criticaram o texto aprovado pelos deputados, o que gerou irritação no presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB). Nas redes sociais, o presidente afirmou que a versão atual “enfraquece o combate ao crime e gera insegurança jurídica”.