Folha Saúde

Muito além da atenção básica: inovação com estratégia em saúde no Recife

Com um novo modelo de gestão por resultado, a Secretaria de Saúde do Recife fortalece todo o sistema, investindo agora na média e alta complexidade, sem descuidar da base

A Secretaria de Saúde do Recife atua para garantir o cuidado físico e o equilíbrio mental e social da população - Hugo Aquino/Sesau PCR

A promoção da saúde e do bem-estar é uma das principais responsabilidades do poder público e se concretiza por meio das políticas públicas. Nos municípios, cabe à gestão local administrar e ofertar os serviços do Sistema Único de Saúde (SUS), com foco na atenção básica. No Recife, a Secretaria de Saúde atua para garantir não apenas o cuidado físico, mas também o equilíbrio mental e social da população, com programas e ações que fortalecem a qualidade de vida.

“A estratégia é você olhar para o território e fortalecer toda a ação básica, para que aquele paciente ali consiga prevenir doenças e a gente consiga dar todo o apoio necessário para promover saúde”, explica a secretária de Saúde do Recife, Luciana Albuquerque. 

Com o intuito de estimular a saúde física, mental e a socialização, a prefeitura oferece à população o Programa Academia da Cidade, com 43 polos em funcionamento. No total, 400 mil pessoas utilizam o equipamento anualmente, nas diversas atividades oferecidas, como ginástica, alongamento, funcional, grupo de corrida, aferição de glicemia e pressão arterial, entre outras. 

“Têm alguns (idosos) que estavam bem desmotivados, às vezes até tomando medicação para ansiedade e depressão. Há relatos de pessoas que conseguem sair da medicação controlada quando começam a se vincular a um grupo no Programa Academia da Cidade”, destaca a secretária. 

A gestão municipal também disponibiliza aos recifenses duas Unidades de Cuidados Integrais em Saúde (UCIS). Nos locais, a prefeitura oferece Práticas Integrativas e Complementares individuais, como fitoterapia, acupuntura e auriculoterapia, e coletivas, como yoga, pilates, biodança e meditação. 

“É tendo uma atenção básica forte, de qualidade, que a gente evita que as pessoas cheguem aos hospitais”, afirma Luciana Albuquerque, secretária de Saúde do Recife. Foto: Ricardo Fernandes/Folha de Pernambuco

Mental 
Em 2024, foram inaugurados o Centro de Atenção Psicossocial Infantil (CAPSi) Marcela Lucena, no Pina, na Zona Sul do Recife; o Centro de Convivência Recomeço Fátima Caio, na Caxangá, na Zona Oeste; e o Serviço Integrado de Saúde Mental (SIM), na Boa Vista, na área central da capital pernambucana. No total, a cidade possui 18 Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) na Rede de Saúde Mental.

Já o Serviço Integrado de Saúde Mental realiza mais de 220 atendimentos multiprofissionais por mês, em áreas como psiquiatria, psicologia, terapia ocupacional, além de atividades em grupo com profissionais de educação física e oficineiros terapêuticos.  

“Queremos que, a partir da fila de psiquiatria, o paciente chegue em um centro que tenha vários profissionais que olhem para a sua necessidade de forma integrada”, comenta a secretária. Para as crianças e os jovens com Transtorno do Espectro Autista (TEA), foram inaugurados seis centros TEA. 

Digital 
A saúde digital é transversal aos avanços feitos pela prefeitura. Entre as inovações, a gestão implementou prontuário eletrônico em toda a rede, na atenção básica e na média e alta complexidade. O intuito é que todo recifense que seja atendido nas unidades de saúde do Recife tenha as suas informações disponibilizadas na plataforma integrada.  
Também foram criadas estratégias para facilitar a vida do paciente.

“Hoje o paciente pode falar com a equipe de saúde da família dele pelo celular. A equipe responde a partir de cada necessidade, sem ele precisar ir até a unidade para perguntar: ‘Minha medicação chegou? Hoje está fazendo exame de sangue?’ Ele pode perguntar pelo WhatsApp e a equipe atende.”

Além disso, os agendamentos de algumas consultas da atenção básica já são feitos virtualmente.

“Dizemos que no Recife temos uma saúde ‘figital’, que é digital e física, porque o nosso usuário não é 100% digital. Tudo que oferecemos no digital precisa ainda ser oferecido no físico, seja no papel, seja no presencial, porque o usuário não é completamente digital”, constata Luciana. 

Mais de 400 mil pessoas utilizam anualmente a Academia da Cidade, nas diversas atividades oferecidas. Foto: Douglas Fagner 

Gestante 
A prefeitura também lançou o Atende Gestante, ferramenta que possibilita que qualquer gestante do Recife, seja ela usuária ou não do SUS, tire dúvidas durante a gravidez. Luciana Albuquerque explica que a plataforma tem três camadas de atendimento. 

“A primeira (camada) com inteligência artificial, outra com um profissional que não necessariamente é da saúde e a terceira com um médico ou com enfermeira obstetra. De todos os contatos que recebemos do Atendente Gestante, só 10% precisaram ser encaminhados para a unidade de saúde, e 90% nós conseguimos resolver on-line”, diz. 

Futuro 
Nos primeiros quatro anos de gestão (2021-2024), o foco da saúde municipal foi a atenção básica, expandindo a Estratégia de Saúde da Família e melhorando a estrutura das unidades. Na segunda gestão, que começou em 2025, os olhares se voltaram para a média e a alta complexidade. 

Segundo Luciana, neste tipo de serviço, o Recife tem, por exemplo, centros de parto normal nas quatro maternidades. Atualmente, o município tem os hospitais do Idoso, da Mulher e de pediatria, este último atendendo, sobretudo, emergências. 

“Continuamos expandindo a atenção básica, porque queremos chegar em 100% de cobertura, mas não na velocidade que fizemos na primeira gestão. Agora voltamos o olhar um pouquinho para a média e a alta complexidade, inaugurando um Centro de Diagnóstico por Imagem.”

O Centro de Diagnóstico por Imagem (CDI) será inaugurado no primeiro semestre de 2026, com 15 tipos de exames diferentes. Na parte de ultrassom, serão 12 salas, além de ressonância, mamografia, colonoscopia, endoscopia, entre outros. 

“Vamos lançar também um programa que estamos chamando de Exame Mais Perto, que é ultrassom, eletrocardiograma e retino, que é do olho, para pessoas diabéticas, mais perto da população. Eu vou ter equipes que fazem esses três exames em unidades satélites, rodando no distrito sanitário”, destaca Luciana. 

Entre as inovações, a gestão implementou prontuário eletrônico em toda a rede, na atenção básica e na média e alta complexidade. Foto: Douglas Fagner 

A previsão é de que outro Centro de Convivência seja inaugurado no bairro do Espinheiro, na Zona Norte do Recife, e mais um serviço integrado de saúde mental. Também está nos planos da prefeitura inaugurar mais dois centros TEA. Para 2026, uma das entregas mais aguardadas é o Hospital da Criança do Recife Antônio Carlos Figueira (HCR), no bairro de Areias, na Zona Oeste da capital pernambucana. 

“Teremos 26 tipos de exames diferentes, 18 especialidades médicas e não médicas e 60 leitos, sendo 10 de Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Vamos ter também uma classe escola para a criança que está internada não perder aula, e serviço de equoterapia, para crianças que precisam de reabilitação, além de um centro TEA. Também terá um Centro de Especialidades Odontológicas com sete consultórios, três deles para atender pacientes com necessidades especiais, que é um gargalo nosso hoje”, explica Luciana Albuquerque. Além dos 60 leitos clínicos e cirúrgicos, o Hospital da Criança terá mais 56 leitos reversíveis. 

Outro lançamento importante da gestão municipal é o Conecta Medicamentos, que possibilita o agendamento da retirada de medicamentos em qualquer farmácia da família do Recife, não apenas na sua de referência e permite que a população consulte a disponibilidade de medicamentos.