Coluna Movimento Econômico

Suape mira parceria com Sines, o porto europeu mais próximo do Nordeste

O movimento do gestor de Suape deve ser acelerado, uma vez que o Porto do Pecém (CE) já vem consolidando parcerias com Sines desde 2024

Porto de Sines: porta de entrada para produtos do Nordeste - Foto: divulgação

O presidente do Complexo Industrial Portuário de Suape, Armando Monteiro Bisneto, iniciou conversas para uma aproximação estratégica com o Porto de Sines, localizado no distrito de Setúbal, em Portugal. Considerado o maior porto artificial do país, Sines tem águas profundas e capacidade para receber embarcações de até 350 mil toneladas. É também o porto europeu mais próximo do Nordeste brasileiro, com distância náutica inferior à de terminais como Roterdã, Antuérpia ou Vigo.

O Porto de Sines movimentou 1,9 milhão de TEUs em 2024 — recorde histórico de contentores para o porto, contra 646.804 TEUs em Suape, também o maior volume anual já alcançado pelo terminal pernambucano. Sines está no Top 15 dos maiores portos de contentores da União Europeia, ocupando a 14ª posição.

Bisneto foi a Lisboa participar da 4ª edição da CONIBEN (Conferência Ibero-Brasileira de Energia) e recebeu o convite para visitar o porto. Chamou sua atenção as semelhanças estruturais com Suape: ambos combinam áreas portuárias e industriais, contam com polos de energia, infraestrutura ferroviária em expansão e atraem investimentos em energias renováveis, além de contarem com refinarias. Ao Movimento Econômico, o executivo informou que, ao retornar ao Brasil, terá uma reunião com os gestores do porto português para formalizar a aproximação. “Há grande sinergia entre os dois portos. Sines pode ser um aliado estratégico na integração logística transatlântica”, disse.

O movimento do gestor de Suape é oportuno e deve ser acelerado, uma vez que o Porto do Pecém (CE) já vem consolidando parcerias com Sines desde 2024. Durante o Brasil Export 2024, o então CEO da Administração dos Portos de Sines e do Algarve, José Luis Cacho, apresentou o porto como a porta atlântica das exportações brasileiras. Ele ressaltou os acordos firmados com Pecém e a CSN, com foco na conexão ferroviária via Transnordestina, no terminal de minérios da CSN no Ceará e na futura instalação de uma siderúrgica em Sines. A meta é impulsionar o escoamento de grãos e minérios do interior do Brasil para o continente europeu.

Além disso, o Porto de Sines firmou, em abril de 2024, um protocolo com a Abrafrutas — entidade que representa cerca de 80% das exportações brasileiras de frutas frescas — para transformar a região num hub logístico e industrial voltado à recepção, processamento e distribuição de frutas como manga, melancia, uva e mamão. O objetivo é abastecer, de forma mais direta e eficiente, os mercados da Península Ibérica, norte da África e outros destinos da União Europeia.

O avanço nos entendimentos com Sines abre oportunidade para Suape atrair as cargas de frutas do Vale do São Francisco, que atualmente escoam por outros portos do Nordeste.

Essa localização de Sines, na Costa Atlântico, favorece tempos de travessia menores e custos logísticos mais competitivos. Este ano, durante a Intermodal South America, em São Paulo, o porto lusitano foi promovido oficialmente como gateway europeu para cargas brasileiras, reforçando seu posicionamento como elo estratégico no comércio transatlântico.

Pernambucano à frente da CONIBEN
A 4ª edição da Conferência Ibero-Brasileira de Energia (CONIBEN) está sendo realizada nesta semana, hoje e amanhã, no Hotel Tivoli, em Lisboa. O evento reúne lideranças e especialistas do setor energético do Brasil, Portugal e Espanha para discutir temas centrais da transição energética, como descarbonização, fontes renováveis, armazenamento de energia e inovação tecnológica. A coordenação da edição 2025 está sob responsabilidade do pernambucano Reive Barros, diretor da Acropólis Energia.

Tecnologia Assistiva
O 2º Seminário Pernambucano de Tecnologia Assistiva traz um debate relevante para empresas: como ampliar a participação de pessoas com deficiência no mercado de trabalho por meio de soluções tecnológicas. Representantes de universidades e consultorias discutirão práticas acessíveis, formação profissional e ferramentas que reduzem barreiras, reforçando que inclusão é, cada vez mais, estratégia de competitividade e desempenho organizacional. O encontro, promovido pela Proacessi Consultoria, acontece dias 9 e 10 de dezembro, na Uninassau – Derby.

Mercado de música
O mercado global da música deve atingir US$ 110 bilhões até 2032, segundo MIDiA Research e Mordor Intelligence. O crescimento da cena independente, com avanço projetado de 6,4% ao ano até 2030, impulsiona o protagonismo das chamadas “eu-quipes”. A produtora Thainá Pitta, com passagens por eventos como AFROPUNK e The Town, comenta os desafios desse modelo. Atuante entre Salvador, São Paulo e Rio, ela lidera o projeto Independentes, que oferece suporte técnico e direção artística para carreiras autônomas.