Descarbonização

Academia Pernambucana de Química reúne setor produtivo para discutir inovação energética

Primeira edição debate desafios econômicos e tecnológicos da transição energética no estado

APQ discute descarbonização e inovação energética - Leandro Santana/Folha de Pernambuco

Pesquisadores, empresários e universitários se reuniram nesta quinta-feira (27) no Auditório do Instituto de Pesquisas de Petróleo e Energia (Litpeg), da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), para a 1ª edição do Encontro de Ciência e Inovação Para um Futuro Sustentável (ECIFS). Promovido pela Academia Pernambucana de Química (APQ), o evento tem como tema “Energias Limpas, Descarbonização e Inovação: Construindo Conexões para um Mundo Sustentável” e abriu uma programação voltada a aproximar ciência, indústria e soluções tecnológicas para transição energética.

A iniciativa nasce de uma demanda interna da própria APQ, segundo a presidente da associação, Sheylane Luz. Ela destacou que os membros da Academia participavam de encontros promovidos por outras entidades, mas sentiam falta de um espaço próprio. “Juntamos todos os acadêmicos e fizemos um brainstorm para discutir esse primeiro evento”, afirmou.

Para ela, a missão da APQ é apresentar à sociedade temas que vêm sendo discutidos dentro da entidade. “Energias renováveis e descarbonização são temas em alta. O mundo depende das nossas atitudes. Se o mundo está mudando, por que nós também não vamos mudar? Nossa ideia é trazer ao público novas tecnologias, oportunidades e as ações que estão acontecendo em Pernambuco.”

Descarbonização
A programação da manhã começou com a fala de Sheylane Luz, seguida da palestra do diretor vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco (Fiepe), Anísio Bezerra Coelho. Ele abordou o papel do setor produtivo na redução de emissões e afirmou que a entidade já desenvolve iniciativas para estimular práticas sustentáveis na indústria local.

Sheylane Luz, da APQ, abriu a programação do evento pela manhã     Foto: Leandro de Santana/Folha de Pernambuco

Segundo Anísio, a Fiepe vem atuando para ampliar a adoção de eficiência energética e do uso racional de recursos naturais no setor produtivo. Ele citou o biometano como uma das alternativas com maior potencial para Pernambuco, sobretudo por seu impacto sobre a mobilidade, área que representa “quase 35% do consumo energético nacional”. Para ele, quando a descarbonização alcança o transporte, a contribuição é significativa.

A manhã seguiu com palestras de pesquisadores da UFPE e de instituições parceiras, entre eles Janis Joplim B. Galdino, que tratou da integração sustentável entre fontes solar e eólica com apoio de modelagem e previsão; e Alexandre Costa, que apresentou experiências do Centro de Energias Renováveis da UFPE (CER-UFPE) em projetos realizados em parceria com o setor elétrico.

De acordo com Anísio Bezerra, da Fiepe, quando a descarbonização alcança o transporte, a contribuição é significativa  Foto: Leandro de Santana/Folha de Pernambuco

Ainda no período da manhã, o pesquisador do Senai-PE, o colombiano Isnel Ubaque, destacou o papel da instituição como ponte entre pesquisa e desenvolvimento industrial. Ele explicou que o Senai atua na redução de riscos para empresas interessadas em inovação, fornecendo infraestrutura para testes, plantas piloto e capacitação técnica. A proposta, segundo ele, é permitir que empresários avaliem soluções antes de levá-las ao mercado.

"O Senai tem expertise para ajudar a industria em compartilhar riscos e ajudar empresários a desenvolver novos produtos e modelos de negócios. Também compartilhamos infraestrutura para instalar plantas piloto e testar produtos e processos, para conhecer as soluções antes de levá-la ao mercado, inclusive oferecendo capacitação", disse.

Inovação
No turno da tarde, a programação ampliou o foco para trajetórias empreendedoras e rotas tecnológicas para um futuro de baixa emissão. O secretário de Ciência, Tecnologia e Inovação de Pernambuco (SECTI/PE), César Andrade, falou sobre o percurso do empreendedor inovador, enquanto Santulá Carvalho, da Biotec-APQ, abordou aplicações da química verde e o papel da biomassa em um modelo econômico circular.

Na sequência, Nelson Medeiros, da UFPE e APQ, apresentou tecnologias com potencial de mitigação de gases de efeito estufa. A tarde encerrou-se com Florival Carvalho, coordenador geral do Laboratório de Combustíveis do Litpeg, que tratou das vantagens competitivas brasileiras na expansão das energias renováveis e no avanço da transição energética.

Projeções
O segundo dia do encontro, nesta sexta-feira (28), aprofunda a discussão iniciada na quinta-feira, com painéis sobre resíduos sólidos, eficiência energética na indústria sucroalcooleira, tendências de eletrificação veicular e modelos tecnológicos de armazenamento de energia. Pesquisadores e representantes da iniciativa privada também apresentam estudos e experiências sobre inovação industrial, biocombustíveis avançados, descarbonização corporativa e panoramas de mercado para 2025 e 2026.

A programação inclui ainda uma roda de conversa com pesquisadores e executivos, mediada por Gilson Silva, e o encerramento está previsto para as 17h, com um coquetel.