OPINIÃO

Emergência em Pernambuco

O ano de 2025 se despede em Pernambuco com preocupante cenário de crise, econômica na Zona da Mata e climática no Sertão.

Totalizando cerca de cem municípios em situação de emergência, metade no Sertão e metade na Mata, com aproximadamente três milhões de habitantes direta e indiretamente afetados, a dramática situação carece de socorro federal e estadual, na tentativa de mitigar as consequências, principalmente de natureza social, que tende a se agravar com o comprometimento do frágil sentido econômico que se observa quando falta água para o abastecimento urbano e irrigação, ou quando exposto ao humor dos mercados interno e externos, face a inexorável lei da oferta e demanda fora de controle, como é o caso do momento que vem sendo enfrentado pelo contexto da agroindústria canavieira na Zona da Mata composta por cinquenta municípios, sem considerar no cluster do Setor a zona de influência metropolitana.

Infelizmente o tenso ambiente político que o país atravessa, já influenciado por precoce clima de campanha eleitoral, bem como o noticiário que emana da COP30 recepcionando grande parte das lideranças mundiais em Belém, e de quebra os desdobramentos da tumultuada finalização do processo judicial com o codinome de “trama golpista”, condenando e aprisionando seus líderes, tem roubado a cena do país com boas e más noticias, e camuflado o drama que estamos vivendo no Nordeste, ensejando nos próximos dias, apelo dos agentes da cadeia produtiva da cana-de-açúcar, Usinas, Fornecedores de Cana e Trabalhadores em audiência pública na ALEPE para discussão da grave situação e as alternativas que deverão ser sugeridas em caráter emergencial ao Governo Estadual para evitar a ampliação do drama que o Setor enfrenta. 

Observamos, que o risco de paralisação antecipada de algumas unidades produtoras, restando ainda cerca de três meses de safra, fatalmente potencializará os efeitos negativos do período de entressafra ampliado, e suas consequências econômicas e sociais para a imensa comunidade regional atingida na Zona da Mata.
 
Isto posto, vale ressaltar, que a expectativa de que o governo Estadual se sensibilize com a gravíssima situação, que recomenda a imediata adoção das providencias cabíveis e possíveis, mais do que o atendimento aos interesses do setor canavieiro como o mais destacado gerador de emprego e renda, é o investimento público na salvaguarda da contribuição tributária direta e indireta, gerada pela multissecular atividade agroindustrial canavieira de Pernambuco ao próprio estado. 

Sendo assim, quem sabe se o espírito de Natal não chega a tempo de nos ajudar, nos presenteando com redentora solução de última hora, que tanto sonhamos para a nossa safra de número quinhentos e sete, cinco séculos de cana-de-açúcar em Pernambuco.

--------------------
Os artigos publicados nesta seção não refletem necessariamente a opinião do jornal. Os textos para este espaço devem ser enviados para o e-mail cartas@folhape.com.br e passam por uma curadoria antes da aprovação para publicação.