OPINIÃO

"Lulinha paz e amor" aciona o modus operandi do indulto

MONTANHAS DA JAQUEIRA — O psicanalista Carl Jung ensinou: “Conheça todas as teorias, domine todas as técnicas, mas ao tocar uma alma humana, seja apenas outra alma humana”. O suíço Jung foi uma grande alma, em ciências e humanidades. 
Os juízes do 8 de janeiro dominavam todas as doutrinas e teorias sobre a matéria. As almas tocadas por eles não eram apenas algoritmos de 11 dígitos. Não foram julgados CPFs. Algoritmos não possuem alma. 
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Detentor das maiores honrarias do Exército Brasileiro, por missões desempenhadas no Brasil e no Exterior, o general Augusto Heleno, de 78 anos, foi condenado à prisão perpétua ou a pena de morte, com 21 anos de cadeia. Entre os principais réus, três generais e um almirante também foram condenados à prisão perpétua ou à morte. 
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Bolsonaro foi condenado à pena de morte e cada dia leva uma nova facada. Não foram julgados traficantes, nem homicidas cruéis nem estupradores. Comemorar a morte ou prisão perpétua de adversários, é crueldade. 
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1968 foi um ano que não terminou, diziam as manchetes de antigamente por conta do famigerado AI-5 e de transgressões culturais. O ano de 1968 só terminou em 1979 com a anistia. O 8 de janeiro foi um dia que ainda não terminou. 
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“Me mataram, querida tia Wene”, disse Santiago Nasar, personagem da “Crônica de uma morte anunciada” do genial Gabriel Garcia Marquez, ao cambalear com as tripas na mão antes de desabar e morrer. Santiago havia sido acusado falsamente de desonrar uma sobrinha e foi morto a facadas pelos irmãos dela para vingar a desonra.  
Esta terra de Vera Cruz, a terra da Verdadeira Cruz, cambaleia com o coração sangrando em meio a facadas e maldições. 
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Depois das sentenças já transitadas em julgado, generais ainda  serão julgados pelo STM, sem  data marcada, passíveis de condenação como indignos do oficialato e das funções militares. A morte moral é mais dolorosa que a morte física.     
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Quando irá terminar o 8  de janeiro? Vejamos. 
Anistia é uma bandeira das oposições hoje fragmentadas. É processo complexo, depende de mobilização da opinião pública e de consenso entre lideranças partidárias. Além de complexo, seria um processo demorado e sujeito a contestações.  
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EUREKA! Natal é tempo de indulto. Assim feito o estalo do Padre  Vieira, poderá acontecer o “estalo de Lula” na cabeça do presidente para acionar o modus operandi “Lulinha paz e amor”,  conceder o indulto e zerar o 8  de janeiro.  Ele não precisa pedir licença a ninguém. O “estalo de Lula” teria o condão de ser acatado pelos três Poderes e até as oposições lhe beijariam as mãos. Eles espetaria no peito as insígnias do Pacificador Nacional e seria aclamado por todas as tribos. Se Zeus quiser haverá o indulto para serenar o coração do Brazil. Oh glória!