FOLHA SAÚDE

Alimentação saudável: um pilar para a boa saúde

Da gestação à terceira idade, é importante traçar um plano alimentar, com atividades físicas e bons hábitos de vida para manter o bem-estar físico e mental

Não há idade para manter uma alimentação saudável, porém, quanto antes começar, melhor para a saúde - Freepik

Talvez (ainda) soem como praxe declarações do tipo: “pequenas escolhas no dia a dia fazem a diferença no futuro” ou “o que colocamos no prato influencia no coração, no cérebro, na imunidade”.

É que, embora seja de conhecimento da maioria, não é tradição seguida à risca a prática de uma alimentação saudável, seja lá em que idade for - mesmo tendo a ciência de que é ela um dos pilares mais importantes da boa saúde.

Portanto, em qualquer fase da vida, desde a gestação, passando pela infância à terceira idade, um plano alimentar, atividades físicas, bons hábitos e boas noites de sono são somatórios importantes para manutenção do bem-estar físico e mental.

De acordo com a médica clínica Danielle Saldanha, que também atua em geriatria e cuidados paliativos, não há idade para manter uma alimentação saudável e, consequentemente, ter a saúde em dia. A máxima é: quanto antes, melhor.

“O corpo ‘perdoa’ mais quando somos jovens, contudo os efeitos acumulados aparecem lá na frente quando envelhecemos. Então, equilíbrio é a palavra-chave: dá para curtir e, ao mesmo tempo, se cuidar”, pontua ela.

Idosos
Entendendo que alimentação saudável é um dos pilares da boa saúde, aliar o que se come com práticas salubres leva naturalmente a um modo de vida melhor, inclusive com prevenção de doenças. “É a ciência mostrando que pequenas escolhas no dia a dia fazem grande diferença no futuro”, pontua Danielle.

E sendo cada pessoa única, é na consulta médica, com avaliação clínica e, no caso dos idosos, uma Avaliação Geriátrica Ampla (AGA), que a individualidade de cada organismo vai direcionar (ou não) o paciente à suplementação com vitaminas, “de forma segura”.

No caso dos idosos - que, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), são referenciados por pessoas a partir dos 60 anos de idade, não impedindo, no entanto, que a partir dos 40, 50 anos já possa ocorrer um acompanhamento de um geriatra - além da AGA, em alguns casos são nos exames de sangue que é sabido se ocorre deficiência de ferro, vitamina B12, D e cálcio, entre outras medições.

"O corpo 'perdoa' mais quando somos jovens, contudo os efeitos acumulados aparecem lá na frente quando envelhecemos. Então, equilíbrio é a palavra-chava: dá para curtir e, ao mesmo tempo, se cuidar" | Crédito: Arthur Botelho/Folha de Pernambuco 

Alimentação equilibrada com frutas, verduras e proteínas, estímulo ao cérebro com novos aprendizados e rotina de consultas e exames preventivos também integram o rol de recomendações que devem fazer parte de uma rotina preventiva.

Inclusive, vale ressaltar, no caso deste grupo alimentar, a diminuição do apetite, uso de certos medicamentos e perda da massa magra são alguns fatores que não significam desnutrição.

“Nem todo idoso magrinho é desnutrido ou sarcopênico, o que realmente importa é a qualidade da alimentação e a preservação da massa muscular”, salienta a médica, alertando porém que se a perda de peso for rápida, pode ser um sinal para problemas de saúde”.

 

Equilíbrio é a palavra-chave quando se trata de auma alimentação sadia para cuidados com a saúde | Crédito: Freepik

Ainda sobre suplementação das pessoas a partir dos 60 anos, Danielle Saldanha argumenta que “não existe uma lista obrigatória de vitaminas para idosos. Cada organismo tem necessidades diferentes”. No entanto, ela adianta que “a vitamina D muitas vezes precisa ser suplementada e tem forte relação com a saúde óssea e imunológica do idoso”.

Nutrição
Sobre o “alimentar-se bem em todas as idades”, a declaração é aceita universalmente, com concordância de que a consciência sobre o que se come traz mais chances de envelhecer melhor.

De acordo com a nutricionista Mariana Domício, é importante “nutrir o corpo com alimentos que ajudarão a evitar radicais livres que causam inflamação e envelhecimento das células, auxiliando no melhor funcionamento dos sistemas do corpo”.

Inclusive, vale trazer à tona a máxima de que “você é o que você come”, que, sim, é uma afirmação válida mas, ainda de acordo com Domício, não é apenas isso, já que não seria só o que comemos “mas como metabolizamos, digerimos e absorvemos”. 

“Precisamos ter uma atenção especial para o nosso sistema digestivo, estômago, fígado e intestino. Ao comer saudável, damos nutrientes e substratos para que esses órgãos trabalhem na sua melhor performance. E assim conseguimos produzir proteínas, hormônios, enzimas importantes para manter a saúde, um corpo saudável física e mentalmente falando”, pontua ela. 

Mas será que cada faixa etária requer uma atenção especial e dá, por exemplo, para comer uma picanha gordurosa aos 18 e aos 50 sem provocar os mesmos males?

De acordo com Mariana, “ao envelhecer é para se comer menos”, já que o sistema digestivo vai sendo alterado ao longo da vida, e os hormônios e as enzimas digestivas vão diminuindo.

Suplementação
Com a facilidade de acesso a suplementos vitamínicos, expostos em prateleiras de farmácias e outros espaços, e com o “auxílio” nem sempre saudável da internet, suplementar nos dias atuais virou tendência, estilo de vida até.

Mas nada adianta o uso se não houver necessidade e se for consumido sem melhorar a qualidade da alimentação, da digestão e absorção dos nutrientes - estes, só fazem o efeito esperado “se consumidos através da alimentação”. 
 

A alimentação equilibrada, o estímulo ao cérebro e uma rotina de consultas e exames preventivos são recomendações para o envelhecimento saudável | Crédito: Freepik


“Primeiro de tudo é fazer os exames de sangue, havendo déficit, repor em suplementação, e também com a melhora da alimentação. Não adianta suplementar se o corpo não consegue digerir (falta de enzimas) e absorver (intestino constipado, por exemplo) os nutrientes”, salienta Mariana. 

Vitaminas
Nos dias atuais, muito mais do que outrora se falava, é mote para uma vida saudável manter boa alimentação, aliada a outros fatores, claro, como a prática de exercícios físicos.

Segundo Mariana, “quando nutrimos nosso corpo, nutrimos também nosso intestino, mantemos uma glicose e colesterol regulares”, entre outros aspectos positivos sobre o nosso corpo, contribuindo para uma longevidade saudável.

Para todas as fases, portanto, há recomendações de vitaminas que podem ajudar cada grupo alimentar a atravessar o período de forma mais saudável. Mariana Domício pontua que para todas as pessoas e idades, há quantidades ideais descritas pela RDA - recomendação de referência para ingestão. Assim como a UL, que é a ingestão máxima do micronutriente.

“Para todas as fases, vitamina D (suplemento), C (alimentação) e vitaminas do Complexo B, Ferro e vitamina A são necessárias. Já na fase adulta e terceira idade, é importante o magnésio, que é um mineral envolvido em várias reações do nosso metabolismo, e muitas vezes está baixo nos exames, por isso vale suplementar também”, afirma ela que, como a maioria dos especialistas da área, costuma também usar um pouco de psicologia com os pacientes.

“O paciente precisa comprar a ideia, estabelecer vínculo de confiança e se permitir viver o novo. Nossa função é educar nutricionalmente falando, e no comportamento, melhorando a relação com a comida e com o corpo”, conta Domício, que auxilia, entre outros hábitos, com a higiene do sono, chás na rotina (rico em antioxidantes) e movimento do corpo.