Venezuela

Venezuela pede ajuda à Opep para impedir a "agressão" americana no Caribe

País afirma que as manobras não têm como objetivo combater o narcotráfico, e sim derrubar o governo Maduro

Presidente venezuelano afirma que Washington pretende derrubar seu governo e assumir o controle das reservas de petróleo do país - Jim Watson e Frederico Parra / AFP

A Venezuela pediu ajuda à Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) para impedir uma “agressão” dos Estados Unidos, que mantêm desde agosto uma operação antidrogas no Caribe, segundo uma carta do presidente Nicolás Maduro divulgada neste domingo (30).

A mobilização dos Estados Unidos inclui navios, caças, milhares de militares e os maiores porta-aviões do mundo.

A Venezuela afirma que as manobras não têm como objetivo combater o narcotráfico, e sim derrubar o governo Maduro.

“Espero contar com os seus melhores esforços para contribuir para dissuadir esta agressão que acontece com cada vez mais força e ameaça seriamente os equilíbrios do mercado energético internacional”, afirma a carta de Maduro lida pela vice-presidente Delcy Rodríguez durante um comitê ministerial virtual da Opep.

O presidente venezuelano afirma que Washington pretende derrubar seu governo e assumir o controle das reservas de petróleo do país.

Ele destaca que uma ação militar “coloca em grave perigo a estabilidade da produção de petróleo venezuelana e o mercado mundial”.

No sábado, o presidente Donald Trump anunciou que o espaço aéreo da Venezuela deveria ser considerado “fechado em sua totalidade”.

Na semana passada, Washington emitiu um alerta aéreo devido à crescente atividade militar na zona, que foi acatada por seis companhias aéreas que suspenderam os voos para e a partir da Venezuela.

Neste domingo, a agência de viagens russa ‘Pegas Touristik’, que organizava viagens com frequência para a ilha de Nueva Esparta (norte), também acatou o alerta americano e suspendeu os seus voos.

Desde 2021, Venezuela e Rússia apoiaram vários convênios turísticos e Nueva Esparta recebeu milhares de turistas russos, que contribuíram para a economia da ilha.

A Venezuela mantém no momento suas duas rotas de voo para a Rússia, aliada do chavismo, com a companhia aérea estatal Conviasa.

O Instituto Nacional de Aeronáutica Civil (Inac) da Venezuela revogou as licenças de operação no país de seis companhias: a espanhola Iberia, a portuguesa TAP, a colombiana Avianca, a filial colombiana da chileno-brasileira Latam, a brasileira GOL e a turca turca.

O governo Maduro acusa as companhias aéreas de aderirem "às ações de terrorismo do Estado promovidas pelo governo dos Estados Unidos".

Trump disse na quinta-feira que os esforços para deter os narcotraficantes venezuelanos "por terra" começarão "muito em breve", mas acrescentou que conversará com Maduro "em algum momento".