Documento com nome de deputado federal do PL é citado pela defesa para levar caso de Vorcaro ao STF
Parlamentar alegou que documentos foram enviados ao banqueiro, mas negócio não foi efetivado
Um documento apreendido pela Polícia Federal durante buscas e apreensões em endereços de Daniel Vorcaro, dono do Banco Master, com o nome do deputado João Carlos Bacelar Filho (PL-BA), foi citado pela defesa como argumento para pedir que o caso envolvendo o banqueiro saia da primeira instância e seja analisado pelo Superior Tribunal Federal (STF).
A informação foi antecipada pelo jornal "O Estado de S. Paulo" e confirmada ao Globo pelo próprio parlamentar.
Bacelar alega que atuou para constituir um fundo para construir um empreendimento imobiliário em Porto Seguro (BA), e que Vorcaro se interessou no negócio e o procurou. Segundo o deputado, no entanto, documentos chegaram a ser enviados ao banqueiro, mas não houve confirmação de negócio.
— Estive várias vezes com ele sobre esse assunto. Ele é meu amigo e falou que tinha interesse. Mas o negócio não se concretizou, porque ele disse que estava tentando salvar o banco e que essa era a prioridade no momento — afirmou.
Segundo o deputado, Vorcaro ainda tinha dúvida se investiria por meio do fundo para mercado imobiliário do banco ou como pessoa física.
O dono do Banco Master deixou a prisão no último sábado após passar 12 dias preso. Ele foi detido em 17 de novembro, quando tentava embarcar em um avião no Aeroporto de Guarulhos para deixar o país. A operação da PF, batizada de Compliance Zero, investiga indícios de fraudes em transações entre o Master e o Banco de Brasília (BRB).
Além de Vorcaro, foram presos outros diretores e sócios do Master. O presidente do BRB, Paulo Henrique Costa, foi afastado das funções. A PF apurou uma série de operações financeiras com indícios de fraude. A suspeita da PF é que a fraude pode chegar a R$ 12 bilhões.
As investigações começaram em 2024, após um pedido do Ministério Público Federal para investigar a possível fabricação de carteiras de crédito sem lastro. Esses títulos, de acordo com a PF, teriam sido vendidos a outro banco e, após fiscalização do Banco Central, substituídos por outros ativos sem avaliação técnica adequada.