Santa Cruz

Thiago Galhardo se pronuncia sobre rescisão com o Santa Cruz

Jogador encerrou vínculo com o clube alegando dívidas

Thiago Galhardo se pronuncia pela primeira vez sobre saída do clube - Rafael Melo/Folha de Pernambuco

O atacante Thiago Galhardo, agora ex-Santa Cruz, se pronunciou pela primeira vez, nesta terça-feira, sobre a a saída do clube. O jogador conseguiu a rescisão indireta do seu contrato através da Câmara Nacional de Resolução de Disputas (CNRD). 

Em nota divulgada nas redes sociais, o atleta alegou ter encerrado o vínculo com o clube por conta de valores a serem recebidos. "Dois meses de salário de carteira, dois meses de direito de imagem, um mês de moradia, todo o FGTS atrasado", publicou Galhardo. O jogador ainda enfatizou que o Tricolor também mantém "pendências financeiras" com o seu empresário, Flávio Trivella, "referentes a acordos firmados e não cumpridos". 

Em um trecho do comunicado, Galhardo diz ter buscado resolver o problema através de diálogo durante semanas, junto ao presidente Bruno Rodrigues, o investidor da SAF, Iran Barbosa, e o CEO Pedro Henriques. Entretanto, "todos prometeram retorno, mas nenhuma resposta concreta foi dada".  

Ainda de acordo com o ex-camisa 9 coral, as pendências aconteceram também ao longo da temporada. O jogador afirmou que pensou em acionar a Justiça na ocasião, mas optou por não dar um passo adiante para "não predudicar o elenco e para preservar o ambiente" na busca pelo aesso.

Na oportunidade, Galhardo disse que ainda fez "o possível", mesmo não sendo da sua responsabilidade, para ajudar companheiros e funcionários, com o objetivo de manter o grupo unido e focado. 

Procurado pela reportagem, o Santa Cruz tratou o assunto como encerrado. Na semana passada, porém, o Tricolor já havia se pronunciado sobre a movimentação do atleta e do lateral-esquerdo Nathan, que também seguiu o mesmo caminho para deixar o Arruda.

Conforme a nota, o Santa pontuou que as dívidas com ambos não entram na Recuperação Judicial, em acordo feito com mais de 250 credores. Contudo, deixou claro que a Cobra Coral SA "auxiliará o clube na sua defesa nas esferas cabíveis e relembra que todas as decisões do CNRD serão eventualmente assumidas pela futura SAF". 

Veja a nota de Thiago Galhardo na íntegra

Quando aceitei defender o Santa Cruz, foi porque acreditei na seriedade do projeto e na responsabilidade das pessoas que conduzem o clube. Entrei de corpo e alma, decidido a fazer parte de algo positivo e confiando plenamente no que me foi apresentado, fato que infelizmente não aconteceu.

No momento em que entrei com a ação o clube me devia:

- 2 meses de salário de carteira,
- 2 meses de direito de imagem,
- 1 mês de moradia,
- todo o FGTS atrasado
- além de manter pendências financeiras com o meu empresário, Flávio Trivella, referentes a acordos firmados e não cumpridos.

Durante as semanas que antecederam esse fato, tentei de todas as formas encontrar uma solução por meio do diálogo. Busquei entendimento diretamente com o Iran (SAF), com o presidente Bruno Rodrigues e com o CEO Pedro Henriques. Todos prometeram retorno, mas nenhuma resposta concreta foi dada. Fiz tudo o que estava ao meu alcance para evitar que a situação chegasse ao ponto em que chegou.

A minha não apresentação não tem qualquer relação com falta de profissionalismo, muito pelo contrário. Como liderança do grupo, fui cobrado pelos meus próprios companheiros diante de promessas feitas ao elenco e não cumpridas. Antes do acesso, fomos informados de que tudo seria pago. Depois do acesso, tudo mudou.

Em um momento anterior da temporada, uma situação semelhante já havia acontecido, e optei por não acionar o clube por estarmos no meio da competição justamente para não prejudicar o elenco e para preservar o ambiente enquanto buscávamos o acesso. Naquela ocasião, inclusive, fiz o possível, mesmo não sendo minha responsabilidade, para ajudar companheiros e funcionários, mantendo o grupo unido e focado no nosso objetivo maior. Mas agora, diante da repetição dos problemas, não encontrei outra solução.

Quero deixar claro que não estou buscando conflito, tampouco vantagem pessoal. Estou apenas exercendo meus direitos como trabalhador, depois de ver todas as tentativas de uma solução amigável se esgotarem.

Tenho respeito profundo pelo Santa Cruz e por sua torcida, que sempre me tratou com carinho. Tentei retribuir esse respeito com dedicação máxima todos os dias. Gostaria muito que tudo tivesse acontecido da maneira correta, como me foi prometido. A torcida e o clube não merecem passar por isso.

Infelizmente, a quebra de confiança e o não cumprimento das obrigações fizeram com que os planos e objetivos que eu tinha com essa camisa fossem adiados, algo que me frustra e me entristece profundamente. Agora, torço para que tudo seja resolvido o mais rápido possível, com justiça, transparência e respeito, para que cada parte siga seu caminho com dignidade.

Por fim, desejo toda sorte ao Santa Cruz e seus torcedores. Vocês merecem o melhor, sempre.