política

Sem citar Michelle, Eduardo Bolsonaro defende André Fernandes em briga no PL: "Me coloquei no lugar"

Filho do ex-presidente Jair Bolsonaro afirmou que a 'estratégia política' no Ceará para apoiar Ciro Gomes (PSDB) ao governo do estado não significou "negociar princípios"

Sem citar Michelle, Eduardo Bolsonaro defende André Fernandes em briga no PL: "Me coloquei no lugar" - Reprodução/Redes sociais

O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) afirmou que o apoio à candidatura de Ciro Gomes (PSDB) ao governo do Ceará foi uma "estratégia política" em um estado "dominado pela esquerda", onde o PL busca emplacar um senador nas eleições de 2026.

Em um vídeo publicado nas redes sociais nesta terça-feira, após a reunião do partido que suspendeu a aliança, o parlamentar defendeu que a articulação conduzida pelo deputado André Fernandes, presidente estadual da sigla, não significa "negociar princípios". O movimento foi criticado pela ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, que protagonizou uma briga pública com os enteados. Sem citar Michelle, Eduardo ressaltou que a discordância com Fernandes de forma pública foi humilhante para o parlamentar cearense.

— O PL apoiaria o Ciro Gomes para governador, inclusive com tempo de TV, e ele apoiaria o PL em uma das duas vagas ao Senado. Tudo estava se encaminhando para termos chances de ter um senador, que pode fazer muita falta em 2027 — explicou Eduardo. — O Ceará é dominado pela esquerda. Sabe quantos prefeitos o PL tem nesse estado? Zero.

Eduardo também defendeu Fernandes, afirmando que o parlamentar "não fez nada pelas costas" e pediu "sinal verde" para iniciar a movimentação no estado. Michelle questionou o apoio a um candidato "que xinga seu marido o tempo todo", enquanto Fernandes frisou que o ex-presidente Jair Bolsonaro "sempre soube" da articulação.

— Uma polêmica foi gerada porque o assunto não foi tratado de maneira interna, mas de maneira pública. Eu confesso que até me coloquei no lugar do André Fernandes, e me senti humilhado de certa maneira — ressaltou Eduardo. — Não houve um vitorioso ou um perdedor neste caso. Houve uma prova de que esses assuntos devem ser tratados de maneira interna.

Ainda de acordo com o filho de Bolsonaro, caso a discordância fosse tratada de forma privada, Fernandes teria como se explicar e expor as razões para proceder no acordo com Ciro. Sem mencionar Michelle, Eduardo destacou que, dessa maneira, as "pessoas maduras" poderiam formular um "anúncio público e uníssono" sobre a aliança no Ceará.

— Que esse episódio sirva de lição para todos nós, porque só comete erro também quem trabalha — disse. — E mais casos como este vão se repetir. E eu espero que não sejam mais tratados de maneira pública — completou Eduardo.

Entenda a briga na família
Michelle havia criticado, no domingo, a aproximação do PL com Ciro durante o evento de lançamento da candidatura do senador Eduardo Girão (PL) ao governo do Ceará. Há dois meses, Ciro rompeu com o PDT e se filiou ao PSDB. A articulação foi conduzida por André Fernandes. Em reunião realizada nesta terça-feira em Brasília, no entanto, ficou acordado que o partido irá procurar outro nome.

— É sobre essa aliança que vocês precipitaram a fazer. Fazer aliança com o homem que é contra o maior líder da direita (Jair Bolsonaro), isso não dá. A pessoa continua falando que a família é de ladrão, é de bandido. Compara o presidente Bolsonaro a ladrão de galinha. Então, não tem como — disse Michelle, no último domingo.

Um dia depois, a declaração rendeu críticas dos filhos do ex-presidente, que se encontra preso na Superintendência da Polícia Federal. A primeira das críticas partiu do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), que chamou Michelle de "autoritária":

— A Michelle atropelou o próprio presidente Bolsonaro, que havia autorizado o movimento do deputado André Fernandes no Ceará. E a forma com que ela se dirigiu a ele, que talvez seja nossa maior liderança local, foi autoritária e constrangedora — disse o senador ao portal Metrópoles.

Nas redes sociais, o vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ), também na segunda-feira, disse que a aproximação com Ciro foi feita com aval do ex-presidente. “Temos que estar unidos e respeitando a liderança do meu pai, sem deixar nos levar por outras forças”. Eduardo repetiu os irmãos: "Meu irmão Flávio está correto. Foi injusto e desrespeitoso com o André".

Nesta terça-feira, Flávio foi à Superintendência da PF encontrar-se com o pai. No local, ele afirmou que "se resolveu" com Michelle e ambos se desculparam. A ex-primeira-dama, apesar de também pedir perdão aos enteados, não recuou em relação às críticas sobre a aliança:

"Como ficar feliz com o apoio à candidatura de um homem que xinga o meu marido o tempo todo de ladrão de galinha, de frouxo e tantos outros xingamentos?", afirmou Michelle. "Eu respeito a opinião dos meus enteados, mas penso diferente e tenho o direito de expressas meus pensamentos com liberdade e sinceridade".