RJ

Rodrigo Bacellar foi governador interino do Rio com prisão decretada

Decisão do ministro Alexandre de Moraes foi despachada no mesmo dia que Cláudio Castro viajou a Lima e deixou o presidente da Alerj no comando do Executivo

O presidente da Alerj, Rodrigo Bacellar (PL) - Alex Ramos/Alerj

O presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), deputado estadual Rodrigo Bacellar (União Brasil), foi governador do Rio interinamente por três dias mesmo com a prisão decretada. A decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), é de 28 de novembro, mesmo dia que o governador Cláudio Castro (PL) se licenciou do cargo para viajar à Lima, no Peru. Segundo a comunicação no Diário Oficial, Bacellar ficou na cadeira de governador até domingo, 30 de novembro.

Bacellar foi preso por agentes da Polícia Federal na sede da corporação. Ele chegou ao local cedo após ser chamado para uma “reunião” com o superintendente. Ao chegar, foi detido pelos policiais. Fontes da PF informaram que a decisão buscou evitar que a prisão ocorresse na casa do parlamentar ou na própria Alerj. Nesses endereços os agentes cumpriram mandados de busca e apreensão.

A ação foi deflagrada para combater a atuação de agentes públicos envolvidos no vazamento de informações sigilosas da investigação que prendeu o deputado estadual Thiego Raimundo dos Santos Silva, conhecido como TH Joias. Ainda não foi confirmada como ocorreu o vazamento. De acordo com a PF, a ação ilegal causou obstrução na investigação realizada no âmbito da Operação Zargun. O envolvimento do presidente da Alerj foi descoberto pela PF após análise do material apreendido na operação de setembro.

Agentes da PF estão nas ruas para cumprir um mandado de prisão preventiva e oito mandados de busca e apreensão, além de um mandado de intimação para cumprimento de medidas cautelares diversas da prisão, expedidos pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

No dia da operação Zargun, a PF informou que seria instaurado um inquérito para apurar um possível vazamento da ação. A suspeita surgiu porque TH Jóias deixou sua casa na noite anterior à operação que realizaria sua prisão. O político foi localizado em outro endereço.

A ação acontece no contexto da decisão do Supremo Tribunal Federal no julgamento da ADPF 635/RJ (ADPF das Favelas), que, entre outras providências, determinou que a Polícia Federal conduzisse investigações sobre a atuação dos principais grupos criminosos violentos em atividade no estado e suas conexões com agentes públicos.

Em abril, quando o plenário do STF concluiu o julgamento da ação conhecida como ADPF das Favelas, na qual foram estabelecidas regras para operações policiais, os ministros determinaram a abertura de um inquérito pela PF, para "investigar indícios concretos de crimes com repercussão interestadual e internacional".

Operação Zargun

Em setembro, o deputado estadual Thiego Raimundo dos Santos Silva, conhecido como TH Jóias, foi preso em um condomínio de luxo na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio. Segundo a investigação, TH Jóias utilizava o mandato na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) para favorecer o crime organizado. Ele é acusado de intermediar a compra e a venda de drogas, fuzis e equipamentos antidrones destinados ao Complexo do Alemão, além de indicar a esposa de Gabriel Dias de Oliveira, o Índio do Lixão — apontado como traficante e também preso —, para um cargo parlamentar.

Foram expedidos 18 mandados de prisão preventiva dos quais 15 foram efetivamente cumpridos, além de 22 de busca e apreensão, com ações em endereços na Barra da Tijuca, Freguesia, na Zona Oeste, e em Copacabana, na Zona Sul. Na Alerj, policiais federais e procuradores recolheram um malote com apreensões.