EDUCAÇÃO

Acordo deve enterrar destaque que libera o homeschooling no Plano Nacional de Educação

Proposta defendida pelo presidente da Frente Parlamentar Evangélica suspendeu votação do PNE no final de novembro até relator buscar consenso entre partidos

Ensino Domiciliar - Léo Malafaia/Folha de Pernambuco/Arquivo

Um acordo costurado entre membros da comissão especial do Plano Nacional de Educação (PNE) caminha para derrubar o destaque que quer liberar a prática de homeschooling no país. Com isso, a tendência é que o PNE seja aprovado na próxima terça-feira sem o ensino domiciliar.

O PNE é um plano de dez anos com metas para a educação. O texto relatado pelo deputado Moses Rodrigues (União-CE) propõe que 100% dos alunos atinjam pelo menos o nível básico de aprendizagem até 2036 e que todas as crianças ao final do segundo ano do ensino fundamental estejam alfabetizadas.

A previsão era que o texto fosse votado durante a sessão da última terça-feira de novembro. No entanto, o encontro foi suspenso por conta de um destaque do deputado Gilberto Nascimento (PSD-SP), presidente da Frente Parlamentar Evangélica. Ele queria incluir no texto do PNE um artigo para que seja "facultado às famílias o exercício da educação domiciliar".

A proposta tem ampla rejeição de especialistas em educação, mas membros da comissão especial do PNE avaliam que ela possui apoio suficiente para ser aprovada caso o tema seja decidido no voto. Um acordo, no entanto, tem sido costurado para que todos os destaques do PNE sejam retirados.

Nos bastidores do Congresso, alguns deputados chegam a dar o acerto como finalizado. No entanto, o relator do texto, Moses Rodrigues (União-CE), afirmou ao GLOBO que o texto final só será batido nas vésperas da votação.

"Estamos construindo um texto de consenso com todos os partidos, superando todas as diferenças ideológicas e caminhando para a retirada dos destaques. Na segunda ou terça-feira, faremos a última reunião sobre o texto final".

O homeschooling já foi aprovado na Câmara, em 2022, após meses de disputa. Essa foi uma prioridade do governo Bolsonaro para a educação. O texto prevê pré-requisitos aos pais, dá novas tarefas às escolas e cria exigências pedagógicas. O projeto, contudo, está parado no Senado. Ele precisa ser avaliado pela Comissão de Educação, presidida por Teresa Leitão (PT-PE). O governo é contra a medida e, por isso, o tema não deve avançar no colegiado.

Avanço do PNE
Já o PNE deve ser aprovado na comissão especial na próxima terça-feira e passar pelo plenário ainda este ano. Em discurso durante almoço da Frente Parlamentar da Educação, o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), disse que a Casa “se comprometeu” a fazer da educação uma prioridade e classificou o PNE como “a entrega mais relevante do ano”.

"Nós nos comprometemos que a educação seria uma prioridade de trabalho e isso não ficou só em retórica. Depois de um ano, o resultado está aí. Várias matérias aprovadas. Queremos fechar o ano, com chave de ouro, com a aprovação do PNE, que será o maior marco da Câmara este ano", disse Motta.

Depois de aprovado pela Câmara, o PNE ainda precisa ser analisado no Senado e sancionado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Para evitar um atraso ainda maior, alguns senadores acompanharam as audiências públicas. O atual PNE deveria ter sido apresentado em 2024, mas precisou ser prorrogado porque o novo ainda não havia sido finalizado.