'Não sou deputado', diz Castro ao se negar a comentar como Alerj se posicionará Bacellar
Chefe do Executivo fluminense participa de evento do Cosud que reúne governadores de direita no Rio
O governador Cláudio Castro (PL) se negou, nesta sexta-feira, a comentar qual é a sua expectativa com relação a como a Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) se posicionará sobre a prisão do deputado estadual Rodrigo Bacellar (União), chefe do Legislativo fluminense. A declaração ocorreu quando ele chegava para participar de um evento do Consórcio de Integração Sul e Sudeste (Cosud) na Casa Firjan, em Botafogo, na Zona Sul da capital, em que é prevista a participação de governadores de direita como o de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo); de Goiás, Ronaldo Caiado (União); e de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos).
— Não sou deputado — disse Castro, em tom ríspido.
Ao ser abordado por jornalistas, Castro afirmou ainda que tudo que tinha para falar está numa nota divulgada pelo Palácio Guanabara na manhã desta sexta-feira — dois dias depois da prisão de Bacellar. No comunicado, o chefe do Executivo fluminense afirma que mantém a "confiança na condução técnica e imparcial do Supremo Tribunal Federal e da Polícia Federal", instituições à frente das investigações. Integrante da Corte, o ministro Alexandre de Moraes determinou a prisão de Bacellar, após representação da PF, que apontou vazamento de operação realizada em setembro por parte do parlamentar para o então deputado TH Jóias (MDB), alvo da ação.
CCJ da Alerj se reúne
A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Alerj se reunirá nesta sexta para analisar a prisão de Bacellar. Os sete integrantes do grupo vão elaborar um parecer para referendar ou revogar a decisão da Corte. A determinação de afastar o parlamentar também será discutida. A decisão final caberá ao plenário na sessão da próxima segunda-feira.
Nos corredores da Assembleia, é dada como certa a suspensão da ordem de prisão. E o placar não deve ser apertado. Ontem pela manhã, o assunto ainda era quase tabu, com deputados de todas as correntes evitando se manifestar. Após uma reunião, 12 deputados do PT, PSB, PCdoB e PSOL anunciaram que vão votar pela manutenção da prisão e pelo seu afastamento da presidência da Alerj. Segundo integrantes desse grupo, há sinais de que parte da base do governo Castro também deve acompanhar esse entendimento, embora a base esteja dividida sobre o futuro da Mesa Diretora.
Bacellar foi preso na última quarta-feira. Em sua decisão, Alexandre de Moraes se baseou em relatório da Polícia Federal — que representou pela prisão do parlamentar apontando que Bacellar teria vazado informações sobre a Operação Zargun para o então deputado estadual TH Jóias (MDB), preso no dia seguinte, em 3 de setembro — e em parecer da Procuradoria-Geral da República (PGR), que, por sua vez, enumerou argumentos para justificar que medidas cautelares seriam "insuficientes para conter o perigo apresentado à ordem pública, à instrução processual e à aplicação da lei penal".
Por isso, a prisão preventiva de Bacellar foi apontada como necessária para "neutralizar o perigo recorrente da liberdade do representado", segundo a PGR. O "risco verossímil de fuga" do presidente da Alerj, por conta de sua "situação financeira" e "extensa rede de contatos", e a "possibilidade de intimidações, ameaças ou abordagens indevidas a eventuais testemunhas" também foram usadas como argumentos da procuradoria.
Além da prisão, Moraes determinou o afastamento de Bacellar da presidência da Alerj. Já ações de busca e apreensão foram determinadas em endereços de Bacellar (em Botafogo e no Centro do Rio, assim como nas cidades de Campos dos Goytacazes e Teresópolis), de Thárcio (em Mangaratiba, na Costa Verde) e TH Jóias, que está preso, em um apartamento no Recreio dos Bandeirantes.