Saúde Mental

Mais de meio milhão de pessoas tem esquizofrenia no Brasil, revela novo estudo

Levantamento da Unifesp aponta para ao menos 547 brasileiros com o diagnóstico, número que, segundo os pesquisadores, pode ser ainda maior

Esquizofrenia - FreePik

Cerca de 547 mil brasileiros vivem com esquizofrenia, o equivalente a 0,34% da população adulta. É o que aponta um novo estudo conduzido por pesquisadores da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (EPM/Unifesp), publicado na revista científica Brazilian Journal of Psychiatry (BJP).

Os responsáveis usaram dados de mais de 91 mil adultos de todas as regiões do país para estimar a prevalência do diagnóstico no país, coletados na última Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), de 2019. É a maior amostra nacional já utilizada para calcular o número de pessoas com esquizofrenia no Brasil.

O levantamento também reuniu informações sobre escolaridade, trabalho, renda, moradia e outros determinantes sociais. Com isso, os pesquisadores observaram que a maior prevalência do transtorno é entre homens, pessoas de 40 a 59 anos, indivíduos sem emprego formal, com baixa renda e moradores de áreas urbanas.

Apenas 17,8% dos brasileiros com esquizofrenia, por exemplo, relataram possuir emprego remunerado, e mais da metade apresentou baixa escolaridade. Para eles, isso evidencia um cenário de elevada vulnerabilidade social, que dificulta o acesso ao diagnóstico, ao tratamento e à inserção social dessas pessoas.

No artigo, eles escrevem que a esquizofrenia “não é apenas uma questão de saúde mental”. “É também uma questão social, precisamos de políticas públicas que considerem as condições de vida dessas pessoas”, reforçam os autores.

Além disso, os pesquisadores apontam que a prevalência real da esquizofrenia no Brasil pode ser ainda maior do que 0,34% da população adulta. “É possível que fatores como o acesso limitado ao tratamento e, consequentemente, ao diagnóstico, possam resultar em uma subestimação da verdadeira prevalência”, escrevem.

Pelo perfil de vulnerabilidade, muitas pessoas que vivem com o diagnóstico também podem não ter um domicílio estável, estarem institucionalizadas ou não ter condições de participar da pesquisa, fatores que as impedem de responder ao questionário e influenciam os resultados do levantamento.

Os responsáveis também destacam a expectativa de vida reduzida, mais de 15 anos inferior à da população geral, como outro elemento que favorece um número formal de diagnósticos menor.

Os autores defendem o fortalecimento de políticas públicas que integrem saúde, assistência social, educação e trabalho, garantindo acompanhamento contínuo, inclusão social e redução das desigualdades envolvidas na doença.

A esquizofrenia afeta 24 milhões de pessoas globalmente e é o terceiro maior motivo de perda de qualidade de vida entre os 15 e os 44 anos, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). A doença não tem cura, e seus sintomas são controlados por meio de terapia cognitiva e de medicamentos antipsicóticos.