Saúde

Médico americano é acusado de inserir comprimidos abortivos na boca de namorada enquanto ela dormia

Suposta vítima afirmou ter sido enforcada e mantida em cárcere privado pelo cirurgião, por cerca de 30 minutos

Hassan-James Abbas, de 32 anos, foi acusado de inserir comprimidos abortivos na boca da namorada enquanto ela dormia - Reprodução / YouTube

Um médico de Ohio, nos Estados Unidos, foi acusado de inserir pílulas abortivas na boca da namorada enquanto ela dormia. Segundo a denúncia, Hassan-James Abbas, de 32 anos, havia solicitado os comprimidos por um serviço de telemedicina de outro estado, em nome da ex-esposa.

O homem teria triturado os medicamentos e forçado a atual parceira a engolir. As informações são do jornal britânico Daily Mail.

— Ele subiu em cima de mim e colocou os dedos na minha boca. Eu fiquei deitada lá, pensando se ele ia me matar. Esse era o meu maior pensamento, que ele ia me matar — contou a possível vítima à emissora WTOL 11, nos Estados Unidos.

Os dois — que começaram a namorar após o término do casamento de Abbas, em outubro de 2024 — estavam juntos há dois meses. Ao descobrir a gravidez da atual namorada, o médico exigiu que ela fizesse um aborto.

— Eu disse a ele que tinha feito um teste e mandei uma foto. Eu estava feliz com a possibilidade de conversar sobre isso, mas ele me ligou e começou a gritar comigo — desabafou a mulher, que recusou a proposta do cirurgião e afirmou que ficaria com a criança.

De acordo com documentos adquiridos pelo Daily Mail, o médico solicitou os medicamentos a um serviço de telemedicina, em nome de sua ex-esposa, sem o conhecimento ou consentimento dela.

Os comprimidos foram entregues na casa de Abbas, em dezembro do ano passado, juntamente com um e-mail contendo um conjunto de instruções de quatro páginas sobre o uso dos medicamentos, indicado para "gestações com menos de 13 semanas".

Ataque violento
Em meados de dezembro, a namorada de Abbas lhe enviou uma mensagem para avisar que havia agendado sua primeira consulta obstétrica para janeiro deste ano, e que o parto estava previsto para o mês de agosto. O médico, então, pediu para vê-la pessoalmente.

Na noite de 18 de dezembro, a mulher acordou e encontrou o cirurgião segurando seu rosto e forçando um "pó triturado dentro de seu lábio inferior, ao lado da gengiva", diz a denúncia.

"Ele continuou a segurar a vítima. Ela lutou para se libertar e correu para a cozinha, onde ligou para o serviço de emergência", narra o documento.

Em entrevista à WTOL 11, a mulher afirmou que Abbas a manteve em cárcere privado por trinta minutos e a obrigou a ouvir suas explicações antes que ela conseguisse chegar ao hospital, onde sofreu um aborto.

Segundo o Daily Mail, o Conselho Médico registrou as informações da paciente no prontuário do hospital da seguinte forma: "A paciente foi imobilizada pelo pescoço pelo parceiro sexual após lhe dizer que o teste de gravidez havia dado positivo. Ela afirma que ele a obrigou a ingerir uma substância desconhecida. Ela o empurrou, arranhou-o e conseguiu fugir para a cozinha".

O diagnóstico da consulta foi determinado como "sangramento vaginal".

Em julho deste ano, Abbas "admitiu" ao Conselho Médico de Ohio ter pesquisado online os remédios que encomendou após sua namorada anunciar a gravidez, bem como ter usado as informações de sua esposa para obter a medicação.

"Ele admitiu ter esmagado o medicamento abortivo para se dissolver mais rapidamente, e também afirmou que alterou a administração do medicamento e não seguiu as instruções", apontam os documentos.

No entanto, o cirurgião disse à junta médica que sua namorada havia "concordado em tomar" os medicamentos depois que ele admitiu ter "administrado comprimidos triturados" a ela.

"Abbas admitiu ter pegado o telefone dela e desligado a ligação para a emergência. Ele também admitiu ter pegado o restante dos comprimidos triturados e jogado-os pela janela a caminho do trabalho", continuou o Conselho.

Os documentos continham, igualmente, um resumo sobre a suspensão da licença médica de Abbas, e afirmavam que ele havia violado vários códigos médicos de Ohio.

No resumo, o Conselho também determinou que as supostas ações de Abbas constituíam crimes graves, incluindo: fraude de identidade, engano para obter uma droga perigosa, distribuição ilegal de um medicamento abortivo, sequestro, interrupção de serviços públicos e adulteração de provas.

Hassan-James Abbas foi indiciado em 5 de novembro por todas as seis acusações feitas pelo Conselho.

O médico pode enfrentar uma multa civil de até US$ 20.000 (cerca de R$ 109 mil, na cotação atual), além de "qualquer outra medida que o conselho possa tomar". Ele será julgado no próximo dia 19 de dezembro.