"Jaraguá: O Herói Inzoneiro", de Homero Fonseca, teve sua 2ª edição lançada nesta terça (9)
Livro de Homero Fonseca carrega o preciosismo característico do autor pernambucano, em tom de "realidade mágica"
Uma reunião de amigos e admiradores, tendo como cenário os ares bucólicos da Praça de Casa Forte, na Zona Norte do Recife.
Foi assim que o jornalista e escritor Homero Fonseca, 77, foi celebrado pelo lançamento do seu “Jaraguá: O Herói Inzoneiro” (Editora Jaguar), livro que ganhou uma 2ª edição em evento realizado nesta terça-feira (9) - e que contou com a presença do diretor-executivo da Folha de Pernambuco, Paulo Pugliesi, representando o presidente do Grupo EQM e fundador do jornal, Eduardo de Queiroz Monteiro.
Embora ausente, por questões de saúde, Homero teve sua vasta trajetória literária rememorada, tanto pelo lançamento de seus escritos em tom de “realismo mágico”, como também pelas palavras de Joca Souza Leão, cronista à frente do projeto gráfico do livro junto a Francisco Melo.
Para além de pessoa fundamental na feitura do livro, Joca é também amigo de longas datas do pernambucano nascido em Bezerros, no Agreste, e que desde sempre, aliás, desde sua “tenra adolescência”, é apaixonado por literatura, como está descrito na aba de “Jaraguá”.
“Temos uma grande afinidade, o mesmo gosto literário e os originais do livro eu conheci há algum tempo. (...) Com a segunda edição a caminho, eu quis tocá-lo na parte da gráfica, na edição, e o livro está aí”, conta Joca, em conversa com a Folha de Pernambuco e com sorriso nos olhos pelo enlace na amizade e na literatura com Homero Fonseca, “um camarada que nasceu para ser escritor”.
“Era ele quem editava o jornalzinho da escola, fazia o Grêmio Literário. É jornalista por sobrevivência, mas ele realmente é um escritor e que não se contenta apenas em sobrevoar o assunto, ele vai fundo”, complementa Joca, emocionado, e que vai levar por toda a vida sua relação como pessoa fundamental na confecção do livro mas, principalmente, como amigo do autor de “Jaraguá” e de pelo menos outros 15 livros publicados.
Mameluco pernambucano
Com pouco mais de 160 páginas, “Jaraguá: O Herói Inzoneiro” traz uma narrativa metafórica do País através de um personagem principal, um mameluco pernambucano que vive no Brasil há 400 anos - antes mesmo da chegada de Cabral - e por aqui participa de episódios diversos da história ao lado de Zumbi e Antônio Conselheiro, entre outros, mas “nunca como um guerreiro bravo e valente, e, sim, como um herói ardiloso protegido, por Iansã”, como define Joca.
Tomado por preciosismo, o ‘modus operandi’ característico da literatura assinada por Homero Fonseca, o livro tem os capítulos nomeados em “odes”, a primeira iniciada de uma conversa particular entre Nuno Valente Pinto, um destemido navegante, e Dom João II, o Príncipe Perfeito - fato que resultou na descoberta secreta do Brasil pelos portugueses.
Já na ode derradeira, a de número XVIII, intitulada “O retorno”, Jaraguá é repreendido por Iansã por causa de suas peripécias patéticas.
É como bem escreveu Ignácio de Loyola Brandão, na aba da capa da segunda edição livro, “Jaraguá e suas aventuras nobres, heroicas, fracassadas, são uma metáfora da construção do Brasil”.
Já o Homero casado com Iracema, pai de quatro filhos e avô de cinco netos e netas, tem o seu ‘realismo mágico’ medido como fã de “democracia, futebol, chorinho, jazz e manga espada”.