Dezembrite: como lidar com a síndrome do final do ano em idosos
Especialista alerta para o impacto da ansiedade e das pressões sociais no bem-estar emocional no fim do ano
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil é o país que mais sofre com ansiedade, um dos sintomas muito presentes nesta época do ano.
A “dezembrite”, apesar de considerada como algo passageiro, se não diagnosticada e tratada corretamente, pode evoluir e se tornar um transtorno recorrente, causando sofrimento ao indivíduo.
Nesta quarta-feira (10), Jota Batista, âncora da Rádio Folha 96,7 FM, conversou, no Canal Saúde, com a geriatra Flávia Goldmann, membro da Sociedade Alemã de Geriatria. Ela falou sobre a “dezembrite”.
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Dra. Flávia Goldman iniciou a conversa explicando que a “dezembrite” não é um evento isolado
“Definitivamente bate com mais ênfase. Por isso que as pessoas chamam dezembrite. Mas essa agudização ocorreu normalmente de um processo crônico. Setembro, agosto e você está achando que não fez o que tinha que fazer, aí chegou dezembro. Inflama porque parte um desespero.”
A especialista também alertou para os perigos da somatização, quando o pico de ansiedade gera sintomas físicos
“A pessoa sairia de uma ansiedade mal administrada ou não tratada para um pico agudo de ansiedade, daquele que muitas pessoas vão bater na emergência, achando que estão infartando. Chega a ter esse sintoma no próprio corpo. É a somatização. Mas também não quero dizer que seria apenas emocional. Às vezes as pessoas já têm, além da ansiedade estabelecida, problemas cardiológicos.”
Ao falar sobre a influência das redes sociais, a médica destacou como a busca constante por validação e a distorção da autoimagem podem agravar quadros de depressão e ansiedade
“Muitas pessoas estão precisando de validação. Se você só for médio, então você não foi tão importante, você não atingiu a meta do Instagram que você acreditou que precisa ter. E a outra coisa que é muito complicada é o desenho da beleza. Eu vou ter uma ruga a mais, mas no Instagram eu não posso.”
Por fim, Dra. Flávia explicou a diferença entre solitude e solidão
“A solitude é um momento seu com você, com a sua autorreflexão. Se ela permanecer por muito tempo, ela pode ser maquiada e se transformar numa solidão. Nós somos seres sociáveis. A gente só sobrevive em grupo, nós precisamos um do outro. E aquela frase ‘eu não dependo de ninguém’... está enganado.”