Coluna Movimento Econômico

Nova geração impulsiona demanda por renda fixa

Empresários mais jovens estão cada vez mais dispostos a trocar o crédito bancário tradicional pelo mercado de capitais

Calculadora - Pixabay

Uma mudança geracional silenciosa tem redesenhado o acesso ao crédito entre empresários do Norte e Nordeste. Fundadores mais jovens, à frente de empresas com menos de uma década de atuação, estão cada vez mais dispostos a trocar o crédito bancário tradicional por operações estruturadas de renda fixa no mercado de capitais.

Essa nova geração tem preferido lançar CRIs, CRAs e debêntures, em vez de depender apenas dos bancos. O movimento fortalece a renda fixa como alternativa para empresas que desejam se financiar com mais autonomia. Trata-se de um estímulo para empresários que buscam se aproximar do mercado de capitais sem abrir mão do controle ou comprometer a gestão.

Antes restrita a grandes companhias, a renda fixa começa a se aproximar das médias empresas com o apoio de assessorias financeiras que identificam essa oportunidade fora do eixo tradicional. Arthur Meyer, sócio da Pequod Corporate Advisory — nova divisão da Pequod Investimentos, criada para estruturar operações de M&A e emissões de títulos corporativos — afirma que muitos dos clientes atendidos hoje pela unidade são empreendedores na faixa de 40 a 55 anos, com maior abertura a estruturas financeiras mais sofisticadas.

A nova operação, liderada por Meyer, projeta movimentar até R$ 3 bilhões em emissões estruturadas nos próximos três anos, com foco em empresas médias com faturamento a partir de R$ 50 milhões. A proposta é ocupar um espaço ainda pouco assistido por assessorias especializadas fora do eixo Rio-São Paulo.

A projeção de corte da taxa Selic a partir de 2026 deve acelerar esse movimento. A redução dos juros tende a reprecificar ativos para cima, diminuir o custo do capital e viabilizar projetos hoje paralisados. Além disso, melhora a atratividade da renda fixa para investidores institucionais, criando um ambiente mais propício à expansão desse mercado.

Para uma nova geração de empresários disposta a sair da lógica do financiamento bancário tradicional, a renda fixa se apresenta, cada vez mais, como a avenida natural para financiar a próxima etapa de crescimento das empresas regionais.