CRISE NOS CORREIOS

Correios recorrem ao Judiciário e pendem mediação do TST em negociação com trabalhadores

Empresa quer evitar aumento de custos com pessoal diante de crise histórica

Fachada dos Correios - Júnior Soares/Folha de Pernambuco

A direção dos Correios acionou o Tribunal Superior do Trabalho ( TST) para que a corte faça uma mediação com os trabalhadores, que tentam reajuste salarial. O acordo coletivo de trabalho (ACT) vence em 15 de dezembro e não será renovado, diante da grave crise financeira pela qual passa a estatal. Isso corta uma série de benefícios dos empregados, como adicional de férias de 70% sobre os salários.

Representantes dos trabalhadores foram informados da decisão e marcaram assembleias no dia seguinte ao vencimento do acordo para decidirem sobre a paralisação da categoria.

A decisão de recorrer ao TST tem por objetivo evitar que o dissídio coletivo e uma paralisação se constatem, o que agravaria ainda mais a situação da empresa. Uma reunião mediada pelo TST já está marcada para esta quinta-feira (11).

Segundo interlocutores envolvidos nas discussões, qualquer reajuste salarial, neste momento, seria incompatível com o plano de reestruturação da empresa. A proposta é de reajuste zero.

Por outro lado, as entidades sindicais defendem não só a renovação do acordo coletivo fechado com a direção anterior, mas a reposição da inflação nos salários e benefícios como cesta básica, vale-refeição, além do adicional de 70% das férias, dentre outros.

Nova rodada de conversa com os bancos
A direção abriu na quarta-feira (10) uma nova rodada de negociação com os bancos e desta vez mais ampla com a inclusão da Caixa Econômica, diante da resistência do Ministério da Fazenda em fazer um aporte emergencial da estatal.

A expectativa é fechar a operação até o início da próxima semana, dentro das exigências do Tesouro Nacional com a força dos bancos públicos. Na última rodada, o pool de bancos, formado Citibank, BTG Pactual, ABC Brasil, Banco do Brasil e Safra propuseram juros equivalentes a 136% do Certificado de Depósito Interbancário (CDI), taxa de referência nos empréstimos diários entre bancos para conceder um empréstimo de R$ 20 bilhões.

A proposta foi recusada pelo Tesouro, justamente por superar o padrão normalmente observado de 120% do CDI para operações com aval da União.

Segundo um executivo de um banco envolvido nas discussões, o valor do empréstimo deverá ficar entre R$ 10 bilhões e R$ 15 bilhões, abaixo dos R$ 20 bilhões solicitados pela empresa.

Um dos principais pontos que dificultam a liberação do crédito é a dúvida sobre a capacidade da empresa em executar o plano de reestruturação, focado em corte de gastos com pessoal e em medidas para que a estatal volte a ter lucro, disse um integrante do Executivo envolvido nas discussões.

Por isso, liberar apenas parte do que solicitou a empresa também é visto como uma forma de garantir a continuidade do plano de reestruturação, que prevê 15 mil cortes de funcionários entre 2026 e 2027 por meio de um programa de demissão voluntária (PDV) e o fechamento de mil unidades, além da parcerias com o setor privado para ampliar o leque de serviços e gerar receitas.