Marcelo VIP: amigo diz que golpista era um 'ícone' e que 'foi prova de que ressocializar é possível'
Marcelo Nascimento da Rocha morreu em Curitiba e teve trajetória marcada por golpes e fugas
Marcelo Nascimento da Rocha, conhecido nacionalmente como Marcelo VIP e considerado um dos maiores golpistas do país, morreu nessa terça-feira (9) em Curitiba (PR). O Globo confirmou com o advogado e amigo Nilton Ribeiro que ele era bariátrico e faleceu em decorrência de complicações hepática. Outro colega, Roberto Bona, lamentou a perda nas redes sociais: "foi a grande prova de que ressocializar é possível".
"Aquele que fez muita coisa errada na vida, mas que soube aproveitar as novas chances e escrever outra história. Descanse em paz, meu amigo. Obrigado por tudo. Meus sentimentos a toda família", lamentou Bona.
Rocha viveu por anos em Cuiabá e chegou a cumprir parte de suas penas na Penitenciária Central do Estado (PCE). Marcelo VIP ganhou notoriedade nacional em 2001, quando, durante uma festa no Recife, se passou por Henrique Constantino, um dos fundadores da Gol Linhas Aéreas. Diante das câmeras, concedeu entrevistas como se fosse o empresário, episódio que o projetou para o país inteiro.
Sua sequência de golpes e fugas do sistema prisional inspirou o filme “VIPs – Histórias reais de um mentiroso”, estrelado por Wagner Moura e lançado em 2010, produção que alcançou cerca de 600 mil espectadores e conquistou quatro prêmios no Festival do Rio.
Na época das filmagens, Marcelo estava preso na PCE, onde permaneceu por quatro anos até progredir de regime, em 2014. Como não havia unidade destinada ao semiaberto, passou para prisão domiciliar com uso de tornozeleira eletrônica.
Em 2018, voltaria a ser detido após ser acusado de forjar documentos para obter nova progressão de regime. Ao longo da vida, acumulou condenações por associação ao tráfico, roubo de avião, estelionato e falsidade ideológica. Foi preso pelo menos 12 vezes e protagonizou seis fugas.
Depois de deixar a cadeia em definitivo, ele buscou reconstruir sua trajetória e passou a atuar como palestrante e escritor, refletindo sobre sua própria história — marcada por audácia, múltiplas identidades e quedas sucessivas.
O filme inspirado em sua vida contou com Wagner Moura no papel principal. À época do lançamento, o ator comentou ao Globo que reconhecia no personagem ecos de sua própria juventude: “Eu era problemático que nem o Marcelo do filme, só que sem ser tão emo. Passava por muitos conflitos internos.” No longa, Moura interpreta o impostor que se fez passar por executivo de multinacional, piloto de avião e até chefe do tráfico. Apaixonado por aviação, o ator chegou a pilotar a aeronave usada nas cenas.