Morre Joyce Prado, diretora, roteirista e grande nome da cultura negra, aos 38 anos
Cineasta foi uma das fundadoras da Associação dos Profissionais do Audiovisual Negro (Apan), e ganhou destaque no cinema brasileiro com o documentário "Chico Rei Entre Nós"
A diretora e roteirista Joyce Prado, fundadora da produtora Oxalá Produções, voltada a conteúdos audiovisuais da cultura afro-brasileira, morreu aos 38 anos. A notícia foi divulgada na página de Instagram do centro cultural paulistano Aparelha Luzia.
Joyce Prado, uma das fundadoras da Apan, a Associação dos Profissionais do Audiovisual Negro, que fomenta o trabalho de cineastas negros, ganhou destaque no cinema brasileiro com o documentário "Chico Rei Entre Nós", sobre a história do rei africano que foi escravizado no Brasil no século 18. A cineasta também dirigiu a série documental "The Beat Diaspora", que traça um paralelo entre a música africana tradicional e os beats eletrônicos atuais.
A cineasta também trabalhou com artistas da música, como Luedji Luna, no documentário "Memórias de Um Corpo no Mundo", sobre uma turnê da cantora, e também dirigiu um videoclipe da ministra da Cultura Margareth Menezes, "Terra Aféfé", lançado com Carlinhos Brown.
A Associação de Profissionais do Audiovisual Negro, por meio de nota, lamentou a morte de Joyce. "Uma das cineastas mais importantes de sua geração e fundadora da Oxalá Produções. Joyce teve papel decisivo na construção de narrativas negras no audiovisual brasileiro e deixa um legado de enorme relevância para o cinema e para a cultura afro-brasileira", destacou a entidade.
Trajetória
Joyce Prado foi premiada no 44º Festival Internacional de Cinema de São Paulo pelo longa Chico Rei Entre Nós (2020) e teve trabalhos amplamente reconhecidos em premiações como o Music Video Festival Awards (2020) e o Women's Music Event (2018, 2021, 2024) por suas colaborações com Luedji Luna.
A cineasta também escreveu e dirigiu as séries The Beat Diaspora (YouTube Originals) e Ancestralidades (Arte 1), além de assinar a produção executiva de Memórias em Bronze e Nós, Mulheres (SescTV). No cinema, produziu o longa documental Flores de Baobá (2016), vencedor do prêmio do público no Black Star Film Festival.
Participou de laboratórios como BrLab, Rotterdam Lab, Ventana Sur, TorinoFilmLab, Sanfic Lab e FEST New Directors, integrando ativamente redes que fortalecem a presença negra no audiovisual. Era também membro da APAN.