Congresso Nacional

Presa na Itália, Zambelli é avisada por carta do filho que Câmara arquivou sua cassação

Deputada foi condenada pelo STF por invadir o sistema do CNJ

Deputada Carla Zambelli - Lula Marques/Agência Brasil

Após ter o mandato preservado pela Câmara, a deputada Carla Zambelli (PL-SP) foi avisada do resultado por uma carta enviada por seu filho, João Zambelli, único canal de comunicação que os dois mantêm desde que ela foi presa na Itália. 

João contou que escreveu o bilhete logo após a proclamação do resultado, seguindo o protocolo da penitenciária, que recebe por e-mail uma imagem digitalizada do manuscrito e imprime as correspondências.

— Estou comemorando com os amigos. Foi um grande presente de aniversário. Minha mãe manterá seu mandato — disse ao GLOBO. 

Filho único da parlamentar, João completou 18 anos justamente nesta quinta-feira e recebeu felicitações dos colegas de bancada de sua mãe, logo após a proclamação do resultado.

Detida em Roma após ter seu nome incluído na difusão vermelha da Interpol, Zambelli depende inteiramente da troca de cartas para acompanhar a política brasileira. A resposta de Zambelli a João deve chegar nos próximos dois dias.

A preservação do mandato ocorreu em meio a um movimento que representou um enfrentamento direto da Câmara com o Supremo Tribunal Federal (STF). A Corte havia comunicado à Mesa Diretora que a condenação criminal de Zambelli por ter invadido o sistema do CNJ incluía a perda imediata do mandato, apenas com declaração da perda do mandato, jurisprudência consolidada desde o caso Daniel Silveira. 

Ainda assim, o plenário rejeitou a cassação e, na prática, descumpriu a ordem judicial. O parecer do relator Cláudio Cajado (PP-BA), favorável à perda do mandato, obteve 227 votos, abaixo dos 257 necessários.

Deputados atribuíram a derrota ao presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), que não articulou com antecedência a votação.

O líder do PT, Lindbergh Farias (RJ), ingressou com mandado de segurança no STF para obrigar a Mesa Diretora a cumprir a determinação da Corte.

Como o GLOBO noticiou mais cedo, os ministros da Corte consideraram inadmissível a votação de ontem.