CASO ZAMBELLI

Saiba como é o presídio onde Zambelli ficará caso volte ao Brasil

Unidade feminina determinada por Alexandre de Moraes reúne presas condenadas por crimes de grande repercussão

Se for extraditada, Zambelli será custodiada na Penitenciária Feminina do Distrito Federal (PFDF) - Lula Marques/ Agência Brasil

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes determinou nesta sexta-feira (12) que a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) seja custodiada na Penitenciária Feminina do Distrito Federal (PFDF), conhecida como Colmeia, caso seja extraditada da Itália para o Brasil.

A definição consta do documento encaminhado pelo magistrado ao Ministério da Justiça para subsidiar o processo de extradição junto às autoridades italianas.

A indicação levou em conta o domicílio de Zambelli em Brasília. Condenada a 10 anos de prisão, em regime inicialmente fechado, pela invasão aos sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), a parlamentar deixou o país após a sentença e foi presa em julho deste ano, em Roma.

Também na sexta-feira, a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) confirmou a decisão do ministro Alexandre de Moraes que decretou a perda imediata do mandato da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP).
 



Ele também determinou que a Mesa da Câmara dos Deputados dê posse ao suplente em no máximo 48 horas, conforme prevê o Regimento Interno da Casa.

Por unanimidade, foi anulada a deliberação da Câmara que havia rejeitado a cassação da parlamentar.

Como é a Colmeia
Localizada no Distrito Federal, a PFDF é um estabelecimento prisional de segurança média destinado a mulheres que cumprem pena em regime fechado, semiaberto e também a presas provisórias que aguardam julgamento. Em situações excepcionais, mediante autorização da Vara de Execuções Penais (VEP), a unidade abriga custodiadas federais.

Atualmente, segundo a Secretaria de Estado de Administração Penitenciária do DF (Seape-DF), cerca de 800 mulheres cumprem pena no local.

A estrutura é organizada em blocos e alas distintas, separando internas conforme o regime de cumprimento da pena, concessão de benefícios externos, vulnerabilidades e necessidades assistenciais, com o objetivo declarado de preservar a integridade física e moral das custodiadas.

A penitenciária conta com salas de aula para alfabetização, ensino fundamental e médio, bibliotecas e oficinas de trabalho. Há cursos profissionalizantes oferecidos em parceria com instituições como Senac, Senai e Instituto Federal de Brasília (IFB), além de atividades produtivas que possibilitam a remição de pena.

A Colmeia dispõe de atendimento médico com ginecologia, clínica geral, psiquiatria, psicologia e odontologia, além de assistência pediátrica.

Os recém-ingressos passam por uma equipe multiprofissional de acolhimento vinculada à Secretaria de Saúde do DF.

A unidade também mantém alas específicas para gestantes e lactantes, permitindo que mães permaneçam com seus bebês por, ao menos, seis meses.

Segundo o governo do DF, as internas recebem enxoval, itens de higiene e acompanhamento pré-natal, com encaminhamento à rede hospitalar em casos de gravidez de risco.

Na área de segurança, o presídio utiliza equipamentos de body scan e scanners de objetos, além de outros sistemas eletrônicos de monitoramento.

De acordo com a Vara de Execuções Penais, nunca houve registro de rebelião na PFDF, e os policiais penais são servidores concursados, submetidos a investigação social e formação específica.

Entre as internas da Colmeia estão mulheres condenadas por crimes que chocaram o Distrito Federal e o país. É o caso de Rosana Auri da Silva Candido e Kacyla Priscyla Santiago Damasceno, condenadas a um total de 129 anos de prisão pela morte do menino Rhuan Maycon da Silva Castro, de 9 anos, em 2015.

O crime, marcado por extrema violência, teve grande repercussão nacional e é frequentemente citado como exemplo da gravidade de casos abrigados na penitenciária.

A extremista Sara Fernanda Giromini, conhecida como Sara Winter, também foi conduzida à cadeia, suspeita de apoio a atos antidemocráticos de 8 de Janeiro.

Apesar da estrutura descrita nos relatórios oficiais, a Penitenciária Feminina do DF também acumula denúncias. Em 2024, uma petição foi protocolada na Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) relatando supostas práticas de tortura, transfobia e maus-tratos contra presos trans na Colmeia.

O documento descreve episódios ocorridos entre 2019 e 2023, como incitação a ataques por outras internas, agressões verbais, privação de atendimento jurídico e fornecimento de alimentos estragados. As denúncias citam a atuação de agentes penais e o suposto conhecimento da então direção da unidade.

As informações detalhadas sobre a Colmeia, incluindo fotos, descrição da infraestrutura e das rotinas de segurança, foram enviadas pelo STF à Justiça italiana para demonstrar em que condições Carla Zambelli ficaria presa no Brasil. A audiência que pode decidir sobre a extradição está marcada para o próximo dia 18.