Mulher de Boulos anuncia pré-candidatura à Câmara e fala em missão de "mudar Congresso"
Acordo para que ela disputasse o pleito em São Paulo ocorreu em conjunto com movimentos sociais, como o MTST
Natalia Szermeta Boulos, mulher do ministro Guilherme Boulos, anunciou nesta segunda-feira (15) a pré-candidatura à Câmara dos Deputados no ano que vem. A sigla deseja que a advogada herde votos do marido, que foi o deputado federal mais votado de São Paulo em 2022.
O titular da Secretaria-Geral da Presidência afirma que permanecerá no governo federal até o final do mandato e, portanto, não será uma opção para o eleitor paulistano. O acordo para ela disputar o pleito ocorreu em conjunto com movimentos sociais, como o MTST.
“No próximo ano temos duas importantes tarefas: reeleger o presidente Lula e mudar o Congresso Nacional que hoje se comporta como inimigo do povo”, escreveu.
Natalia concorrerá por uma cadeira na Câmara junto à deputada Ediane Maria (PSOL) — também indicada por movimentos sociais —, que disputará o segundo mandato.
A mulher de Boulos é advogada e secretária de organização do PSOL. “Eu tenho uma longa trajetória de luta, dediquei mais de 20 anos da minha vida construindo na ponta, com o pé no barro, o que eu acredito: a organização popular”, escreveu Natalia.
PSOL em SP
Como mostrou O Globo, desafiado pela cláusula de barreira e pela saída de Guilherme Boulos para a Secretaria-Geral da Presidência, o PSOL buscar renovar seus quadros com nomes conhecidos pela atuação combativa nas redes sociais, de olho nas eleições de 2026.
Além de evitar um encolhimento da bancada na Câmara, o partido tenta vencer disputas com bolsonaristas, em estados como São Paulo e Rio, para emplacar os deputados mais votados.
O foco principal será São Paulo, onde Boulos obteve mais de 1 milhão de votos em 2022, se tornou o mais votado do estado e o segundo mais votado do país. Em 2023, ao disputar a prefeitura, ele alcançou 2,1 milhões de votos, mas foi derrotado por Ricardo Nunes (MDB).
Sua atuação em defesa do governo Lula e contra movimentos do Congresso, como a PEC da Blindagem, o credenciou para assumir um ministério no governo Lula, deixando-o fora das eleições de 2026.
O vácuo deixado por Boulos tende a ser ocupado pela deputada Erika Hilton (PSOL-SP), principal aposta do partido como puxadora de votos em São Paulo. Primeira mulher trans eleita pele estado para a Câmara, ela ganhou protagonismo em pautas como o fim da escala 6x1.
Em 2022, o PSOL atingiu a cláusula de barreira em 12 estados; em 2026, terá de eleger ao menos 13 deputados distribuídos por um terço das unidades da federação ou alcançar 2,5% dos votos válidos. Além de Boulos, outros nomes paulistas podem deixar a disputa.
Aos 91 anos, Luiza Erundina avalia se tentará reeleição. Já Ivan Valente, aos 79, lançará Juliano Medeiros como seu sucessor. A sigla também investirá na candidatura de Natalia Szermeta, mulher de Boulos, que ampliou presença em atos e articulação nas redes. Internamente, espera-se que ela absorva votos ligados ao Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), por onde Boulos iniciou sua carreira política.