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Missão eleitoral da OEA em Honduras descarta fraude

Mais de 99% dos votos já foram contabilizados, mas há quase 2.800 atas com "inconsistências" que deverão ser reexaminadas

Bandeira de Honduras - @vsr3168 / Freepik

A missão eleitoral da Organização dos Estados Americanos (OEA) em Honduras constatou "falta de perícia" e "atrasos", mas descartou "indícios que levem a questionar os resultados" das eleições de 30 de novembro, segundo o relatório apresentado ao Conselho Permanente da organização.

A demora das autoridades eleitorais em divulgar os resultados definitivos "não é justificável", declarou o ex-chanceler paraguaio Eladio Loizaga ao ler o documento.

Honduras completou nesta segunda-feira duas semanas sem saber quem será seu próximo presidente, após eleições em que o candidato conservador Nasry Asfura, apoiado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, obteve menos de dois pontos percentuais de vantagem sobre o também direitista Salvador Nasralla.

Além das críticas de Nasralla, o próprio governo atual, presidido pela esquerdista Xiomara Castro, considera que o apoio de Trump a Asfura foi um "golpe eleitoral".

O presidente americano ameaçou o país com "consequências graves" caso os resultados atuais mudem de rumo e retirem a liderança de Asfura, um empresário de 67 anos.

Mais de 99% dos votos já foram contabilizados, mas há quase 2.800 atas com "inconsistências" que deverão ser reexaminadas por meio de uma apuração especial, informou o Conselho Nacional Eleitoral (CNE).

"A missão faz um apelo urgente às autoridades eleitorais para que o escrutínio especial seja iniciado imediatamente [...] A demora atual no processamento e na divulgação dos resultados não é justificável", criticou o chefe da missão eleitoral diante dos membros da Organização dos Estados Americanos (OEA).

A missão mobilizou 101 observadores de 19 nacionalidades no dia da votação e, depois, acompanhou a apuração no Centro Logístico Eleitoral, "no depósito tecnológico e em outros espaços onde estão sendo realizadas as atividades de apuração", afirma o relatório.

Os observadores e engenheiros da missão "constataram atrasos na gestão do material eleitoral [...] e uma acentuada falta de perícia [...] mas não observaram dolo nem manipulação evidente do material eleitoral ou dos sistemas informáticos", indica o texto.

"Em suma, vimos atrasos, mas não indícios que nos façam duvidar dos resultados", acrescentou.

As ferramentas tecnológicas utilizadas para a contagem funcionaram de forma "deficiente", explica o relatório. Mas "isso não implica, por si só, uma ação fraudulenta", ressalta.

Em termos semelhantes se pronunciou uma representante da União Europeia, que também enviou uma missão de observadores a Honduras.

"Até o momento, a missão de observação eleitoral não identificou nenhuma irregularidade grave que possa afetar os resultados preliminares atuais", afirmou perante a OEA a embaixadora europeia, Despina Manos.