A linha do tempo que prova, segundo PF, vazamento da operação contra TH Jóias por Bacellar e Júdice
Do pedido de emissão dos mandados ao suposto vazamento se passaram somente 24 horas
A decisão do ministro Alexandre de Moraes em que ele manda prender preventivamente o desembargador Macário Júdice Neto, do Tribunal Regional Federal (TRF) 2, traz a linha do tempo das ações dos investigados que, para a Polícia Federal, levam a indícios que houve vazamento da operação contra o ex-deputado Tiego Raimundo, o TH Jóias.
Além do magistrado e o parlamentar, o presidente afastado da Assembleia Legislativa do Rio Rodrigo Bacellar é um dos investigados no inquérito. Toda a dinâmica teria acontecido em dois dias:
1 de setembro de 2025
Após pedido da Polícia Federal e do Ministério Público Federal, o desembargador Macário Júdice autorizou a operação Oricalco e determinou a prisão dos investigados, entre eles o então deputado estadual TH Jóias, policiais militares e um agente federal, outros agentes públicos e traficantes. Nessa investigação, a PF apura os braços políticos do Comando Vermelho e aponta TH como operador financeiro e articulador da facção.
2 de setembro de 2025
Com a autorização judicial, por volta das 11h daquele dia, o delegado Samuel Fayad, chefe da Delegacia de Repressão aos Entorpecentes da PF no Rio, avisa a um assessor do desembargador Júdice que a polícia planejava fazer a operação no dia seguinte. Ele entra em contato para pedir que o magistrado assine os mandados de busca e apreensão e de prisão. O assessor responde que seriam expedidos no mesmo dia.
Em depoimento, o presidente da Alerj Rodrigo Bacellar admitiu ter sido procurado por TH entre 11h e 12h daquele dia. Segundo ele, TH pediu para os dois se falarem sozinhos e perguntou se Bacellar sabia de alguma operação contra ele. O presidente da Alerj diz, no depoimento, que não sabia de nada, somente que havia uma "fofoca há três dias de que haveria uma operação contra um deputado e onde há fumaça, há fogo". TH teria respondido que não saberia se iria fugir. Bacellar diz no depoimento que não orientou sobre fuga: "aí é com você. Se eu to no seu lugar só me preocuparia com sua filha pequena."
Às 15h 45 a câmera de segurança no condomínio de TH Jóias, na Barra da Tijuca, flagra uma movimentação de pessoas, entre elas a esposa do então deputado levando coisas para um carro e deixando o local. O mesmo se repete durante duas vezes até às 18h. Uma hora depois, às 19h, TH chega em casa e recebe às 20h um embrulho, que para a PF é um novo celular.
Segundo a decisão de Moraes, por volta das 21h Bacellar estava reunido com o desembargador em uma churrascaria na Zona Sul do Rio. Nesse momento, o então presidente da Alerj teria comunicado a TH a ocorrência da operação que aconteceria no dia seguinte.
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Meia hora depois, TH enviou um vídeo à Bacellar com a geladeira lotada de carnes e perguntando se deveria levar embora a comida. O presidente do parlamento responde: "deixa isso, doido". As câmeras mostram que TH deixa o condomínio por volta das 21h 40, minutos antes de um caminhão baú chegar e ser carregado com pertences da casa. Enquanto esteve em casa
3 de setembro de 2025
A Polícia Federal deflagrou a operação logo nas primeiras horas da manhã. Escondido na casa de um amigo, onde foi preso depois pelos agentes, TH envia uma foto das câmeras de segurança de sua casa a Bacellar. É possível ver que os policiais federais estavam no interior do imóvel: "bom dia, 01. Minha advogada tá lá em casa".
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Naquela manhã Bacellar ainda buscou assessores na Alerj para saber se os agentes já tinham deixado o prédio da Assembleia. Ele estava preocupado em não ser surpreendido pela imprensa que acompanhava o cumprimento dos mandados de busca e apreensão na Alerj.
Em nota, a defesa do desembargador diz que "os fatos são inverídicos e vai demonstrar que agiu corretamente". Os advogados também afirmam que o jantar entre Júdice e Bacellar nunca ocorreu e as câmeras de segurança irão provar isso.
Em nota, a defesa de Bacellar afirmou que "o parlamentar sempre se colocou à disposição para evidenciar seu não envolvimento nos fatos noticiados, prestando todos os esclarecimentos necessários". "A defesa ressalta que o deputado tem cumprido todas as medidas determinadas e reitera que o parlamentar não atuou, de nenhuma forma, para inibir ou embaraçar qualquer investigação, direta ou indiretamente, sendo certo que isso restará demonstrado", pontuou.