UE-MERCOSUL

"França se oporá veementemente" à adoção forçada do acordo UE-Mercosul, afirma Macron

Presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, pretende assinar acordo no sábado em Foz do Iguaçu, no Paraná

"França se oporá veementemente" à adoção forçada do acordo UE-Mercosul, afirma Macron - MIGUEL MEDINA / POOL / AFP

O presidente francês, Emmanuel Macron, indicou nesta quarta-feira (17) que a França se oporá "veementemente" à possível adoção do acordo comercial entre a União Europeia e o Mercosul, que a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, pretende assinar no sábado em Foz do Iguaçu, no Paraná.

Para que o acordo seja assinado, von der Leyen precisa primeiro da aprovação do Conselho Europeu, mas diversos países, incluindo França e Itália, acreditam ser prematuro se posicionar, já que as condições necessárias para proteger seus agricultores ainda não estão estabelecidas.

"Se houver uma tentativa por parte das instituições europeias de impô-lo, a França se oporá veementemente", declarou Macron durante uma reunião de gabinete, segundo a porta-voz do governo, Maud Bregeon.

Macron está sob pressão para suspender a assinatura do acordo comercial entre a União Europeia e Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai, em meio à crescente insatisfação e aos protestos de agricultores devido à forma como a Dermatose Nodular Contagiosa (DNC) bovina está sendo tratada.

"Emmanuel Macron deve usar toda a sua influência para impedir a implementação do Mercosul", afirmou Laurent Wauquiez, líder parlamentar do partido Os Republicanos (direita), nesta quarta-feira. A classe política francesa se opõe unanimemente ao acordo em sua forma atual.

O líder do principal sindicato agrícola, o FNESA, Arnaud Rousseau, pediu a Macron, também nesta quarta-feira, que "vote não" caso o acordo seja colocado em votação na quinta-feira, quando se espera uma manifestação de 10 mil agricultores em Bruxelas.

Se, apesar de tudo, o tratado for assinado, "convocaremos uma mobilização" para "bloquear rodovias, monitorar as importações nos portos e alertar a população", advertiu.

Os agricultores franceses temem o impacto de uma entrada maciça de carne, arroz, mel e soja sul-americanos na Europa, produtos considerados mais competitivos devido às suas normas de produção, em troca da exportação de veículos e máquinas europeias para o Mercosul.

Especificamente, Paris solicita uma "cláusula de salvaguarda" em caso de perturbação do mercado, medidas "espelho" para garantir que os produtos importados cumpram as normas ambientais e sanitárias da UE e controles sanitários reforçados.