CASO TH JOIAS

Revisor do desembargador preso pela Polícia Federal assume como relator do caso TH Joias

Julio Cesar de Castilhos Oliveira Costa assumiu o processo do TH Jóias após a prisão de Macário Ramos Judice Neto

Julio Cesar de Castilhos Oliveira Costa tomou posse em junho - TRF2/Divulgação

Após a prisão do desembargador Macário Judice Neto, nesta terça-feira, pela Polícia Federal, outro magistrado assumiu o processo de Tiego Raimundo dos Santos Silva, conhecido como TH Joias, que tramita no Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF2).

Judice Neto é investigado pela PF sob suspeita de vazar informações sigilosas de uma investigação em curso contra o ex-deputado, apontado pela polícia como um braço político do Comando Vermelho.

Com o afastamento do magistrado, o caso passou a ser relatado pelo desembargador Julio Cesar de Castilhos Oliveira Costa, que atuava como revisor de Judice Neto. Ele tomou posse no cargo em junho deste ano, após a abertura de uma vaga.

Antes de assumir como desembargador no TRF2, Oliveira Costa atuava no Ministério Público Federal (MPF) no Espírito Santo. Ele passou a integrar a Corte no Rio de Janeiro após a aposentadoria de uma magistrada, depois de ter sido o mais votado pelo plenário do TRF2 para compor a lista tríplice formada por membros do MPF.

De acordo com o TRF2, Oliveira Costa é a segunda pessoa negra a ocupar uma cadeira de desembargador federal no tribunal. Ele é formado em Direito pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e mestre em direito constitucional e direito processual.

O magistrado foi procurador-chefe da Procuradoria da República no Espírito Santo entre 2015 e 2017 e também chefiou o Ministério Público Eleitoral no estado, de 2021 a 2023.

Diálogos revelam relação próxima entre desembargador e Bacellar
Conversas obtidas durante a investigação da Polícia Federal mostram que o desembargador Macário Judice e Rodrigo Bacellar mantinham uma relação estreita de amizade. Em várias mensagens, os dois se chamavam de irmãos e falavam sobre a vida pessoal. Há também diálogos em que pedem favores e comentam desavenças pessoais.

Em uma das mensagens obtidas pela polícia, o magistrado pede ingressos para o jogo do Flamengo contra o Ceará, disputado em novembro deste ano, pelo Campeonato Brasileiro.

De acordo com as mensagens interceptadas, Bacellar respondeu que faria o possível para atender ao pedido. “Nem que eu arrebente o portão, darei um jeito. Tenho juízo, meu padrinho”, escreveu, em conversa monitorada pela PF.

As trocas registradas em aplicativos de mensagens incluem ainda declarações de afeto e lealdade, como “você é irmão de vida”, “te amo” e “eu levo você para o caixão, meu irmão”. Para os investigadores, o teor dos diálogos indica proximidade pessoal e confiança mútua entre o magistrado e o político.

Rodrigo Bacellar foi preso no último dia 3. A prisão foi decretada por Alexandre de Moraes na primeira fase da Operação Unha e Carne, que também mirava a atuação de agentes públicos envolvidos no vazamento de informações sigilosas da investigação que prendeu TH Jóias. Ele foi solto no dia 9, um dia após os membros da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) terem votado pela revogação da prisão do presidente da Casa.