DIPLOMACIA

Lula afirma que Brasil retomou diálogo com os EUA em clima amigável: "Sou doido de brigar?"

Presidente diz que conversas com Washington avançam, embora ainda haja pendências

Presidentes americano e brasileiro se encontraram na Malásia - Ricardo Stuckert/PR

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta quarta-feira (17) que o Brasil retomou o diálogo com os Estados Unidos em um clima "muito razoável e muito amigável", embora reconheça que nem todas as pendências entre os dois países estejam resolvidas. As declarações foram feitas durante a última reunião ministerial do ano.

"Nós reestabelecemos a conversa com os EUA num tom muito razoável, muito amigável. Se tem uma coisa que eu aprendi é que em tempo de crise, tenha paciência. Você não precisa gritar tanto quanto o teu adversário", disse o presidente.

Lula ressaltou que prefere a via diplomática e evitou qualquer postura de confronto com Washington.

"Minha mãe dizia: 'quando um não quer, dois não brigam'. Eu não quero brigar com o Uruguai por que eu vou brigar com os Estados Unidos? Sou doido? Não. Eu quero paz, não quero brigar com ninguém", afirmou.

Escalada dos EUA na América Latina
Apesar do tom conciliador em relação aos Estados Unidos, Lula demonstrou preocupação com os impactos da política externa norte-americana sobre a América Latina. Nesta semana, o presidente americano Donald Trump, anunciou um bloqueio naval a navios petroleiros sancionados que saem ou se dirigem ao país, como parte de uma ofensiva para pressionar o governo de Nicolás Maduro e sufocar a economia venezuelana, altamente dependente das exportações de petróleo.

"Estou preocupado com a América Latina, estou preocupado com as atitudes do presidente Trump com relação à América Latina, com as ameaças. Nós vamos ter que ficar muito atentos com essa questão", disse.

Além da pressão econômica, Washington intensificou operações militares no Caribe e no Pacífico Oriental sob o argumento de combate ao tráfico internacional de drogas, declarado pelo governo Trump como tema de segurança nacional. Desde setembro, ataques a embarcações consideradas suspeitas deixaram dezenas de mortos, segundo balanços divulgados por autoridades americanas.