Governo

Lula anuncia saída de Sabino, expulso do União Brasil, do Ministério do Turismo

Gustavo Feliciano, filho do deputado Damião Feliciano (União Brasil-PB), foi escolhido para ser o novo ministro

Segundo auxiliares de Lula, a saída já estava precificada e Lula aguardava o fim da COP30 em Belém para fazer o anúncio - Ricardo Stuckert/PR

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou a saída de Celso Sabino do Ministério do Turismo nesta quarta-feira. Sabino foi expulso do União Brasil por desobedecer à ordem da legenda de deixar seu cargo no governo. Gustavo Feliciano, filho do deputado Damião Feliciano (União Brasil-PB), foi escolhido para ser o novo ministro.

Integrantes do governo com assento no Palácio do Planalto dizem que a nomeação de Gustavo Feliciano é resultado do entendimento do governo com uma ala o União Brasil que se comprometeu a apoiar a reeleição de Lula no ano que vem. Um integrante da executiva do União Brasil afirma que essa costura teve aval do presidente da legenda, Antônio Rueda, e confirma que foi articulada por um grupo de parlamentares da sigla que está mais alinhado ao governo federal. O partido tem 59 deputados, e esse grupo reúne cerca de 20 deles.

Um político próximo de Rueda diz que o partido já vinha costurando esse movimento nos últimos dias. Pai do novo ministro, Damião Feliciano integra a ala mais ligada ao governo dentro da sigla e atua como um dos vice-líderes do Planalto na Câmara.

Além disso, de acordo com um governista, há uma avaliação que ministros e integrantes do segundo escalão do governo deverão estar alinhados a Lula e votar no petista no próximo ano. Isso servirá para os partidos que se dizem independentes ou que ensaiam candidaturas presidenciais em 2026

Um outro parlamentar que acompanhou as conversas diz que a escolha de Gustavo Feliciano também conta do apoio do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), já que eles são aliados no estado.

Segundo auxiliares de Lula, a saída já estava precificada e Lula aguardava o fim da COP30 em Belém para fazer o anúncio. Sabino é deputado licenciado pelo Pará. O governo também aguardava a reunião ministerial desta quarta-feira. Celso Sabino participou do encontro junto com outros ministros na Granja do Torto em Brasília.

A mudança no comando do Turismo não tem consenso no União Brasil. Parte dos membros do diretório nacional do União que haviam votado pela saída da sigla do governo Lula e pela expulsão de Sabino é contrária à indicação de um novo nome. Reservadamente, um dos vice-presidentes do partido diz que bancadas da sigla como as de São Paulo (que tem 12 deputados) e Goiás (quatro parlamentares) estão entre as contrárias.

O suposto aval de Rueda à indicação de Gustavo Feliciano é criticada reservadamente por membros da executiva do União. Reservadamente, um integrante da cúpula do diretório nacional diz que a mudança de postura de Rueda não tem sentido político e deve enfrentar questionamentos.

Ministro expulso da sigla
Em 8 de dezembro, o União Brasil formalizou a expulsão do ex-ministro do Turismo, Celso Sabino, da legenda. O partido confirmou o oficialmente cancelamento da filiação, diante da negativa de o ministro deixar a pasta. O União decidiu entregar os cargos no governo e decretou que seus quadros deveriam deixar os postos até 19 de setembro. Sabino chegou a entregar uma carta de renúncia, mas atendeu a um pedido de Lula para permanecer durante a agenda da COP30, em Belém. A demora levou a direção do União a abrir um processo disciplinar.

Além de permanecer no ministério, o ministro surgiu em agendas ao lado de Lula, o que irritou a Executiva Nacional do União. Desde outubro, ele já estava afastado das decisões da legenda e foi destituído do comando do diretório regional do Pará.

A decisão de desembarque do governo ocorreu pouco depois da veiculação de notícias que associaram o presidente nacional do partido, Antônio de Rueda, ao crime organizado de São Paulo. De acordo com reportagens publicadas pelo UOL e pelo ICL, aeronaves de Rueda teriam sido usadas pelo PCC. O partido vê influência do governo em vazamentos de operações da Polícia Federal (PF) que miram Rueda.

Aos veículos de imprensa, Rueda negou ser dono de aviões e repudiou "com veemência qualquer tentativa de vincular seu nome a pessoas investigadas ou envolvidas com a prática de algum ilícito".